Vigilante é indiciado por venda de arma furtada em delegacia de Rio Preto
Ele trabalha na mesma loja onde um vendedor, acusado de duplo homicídio, trabalhava

A Polícia Civil de Rio Preto indiciou um vigilante de 39 anos por ter vendido um revólver furtado do cofre do 6º Distrito Policial, que havia sido apreendido em 2017, em uma ocorrência de homicídio. O homem é funcionário da mesma loja onde Isaac Moreira Neto trabalhava quando foi preso, acusado de duplo homicídio.
Segundo as investigações, o vigilante, que também trabalha como consultor de armas e instrutor de tiro, vendeu a um ourives de 44 anos dois revólveres, de calibres 32 e 38, pelo valor de R$ 9 mil.
Em outubro de 2023, o ourives foi preso por policiais militares, durante abordagem de rotina, após ser flagrado com as duas armas no carro. Ao pesquisar a numeração, policiais civis descobriram que o revólver 38 constava como apreendido pela corporação em outubro de 2017. Na ocasião, a arma teria sido utilizada por um adolescente, que foi morto em suposto confronto com policiais militares.
O homem confessou que não tinha a documentação dos revólveres, tampouco autorização para portá-los. Em depoimento na delegacia, ele delatou a pessoa de quem comprou os revólveres e ainda forneceu voluntariamente a senha do celular para provar a alegação. Laudo no aparelho confirmou as negociações entre o ourives e o vigilante.
Intimado, o suspeito prestou depoimento ao delegado Luciano Birolli dizendo que apenas intermediou a negociação entre o ourives e um homem o qual conhecida apenas pelo nome de “Júnior”. Questionado sobre o endereço ou telefone do suposto vendedor das armas, o vigilante não soube informar.
Após descobrir pela imprensa que seria investigado e, segundo ele, com medo de ser “injustiçado” com falsas acusações, fez backup no celular, mas perdeu todos os arquivos armazenados e agenda de contatos.
“Ante as provas materiais e testemunhais amealhadas nos autos, entendo que (nome do vigilante) praticou o crime capitulado no artigo 14 caput do Estatuto do Desarmamento, pois vendeu em situação irregular as armas apreendidas com o indiciado (ourives), razão pela qual determinei seu indiciamento neste sentido”, escreveu o delegado Luciano Birolli.
O ourives também foi indiciado por porte de arma de fogo e munições em desacordo com determinação legal. Ao ser preso, ele pagou fiança de R$ 3 mil e responde ao inquérito em liberdade.
Sobre o furto do revólver guardado no 6º DP, a Corregedoria da Polícia Civil investigou o caso e não conseguiu esclarecer como a arma foi retirada da unidade. Sem respostas sobre o envolvimento de agentes públicos, o inquérito foi arquivado pela Justiça.
O Diário procurou a advogada do vigilante, Gisele Godoy, mas ela afirmou que não iria se manifestar sobre o indiciamento do cliente.
O advogado do ourives, Paulo Younes, informou que o cliente “comprou as armas para defesa pessoal, confiante na idoneidade do instrutor de tiro, que havia prometido ainda fornecer a documentação dos revólveres”.
Sobre o envolvimento de mais um funcionário em inquérito criminal, os proprietários da loja de armas, por meio do advogado Diego Carretero, responderam que não têm qualquer relação com os fatos.