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Vendedor de armas vai a júri por duplo homicídio em Rio Preto

Crime ocorrido em 2024 no bairro Anchieta, em Rio Preto, chamou atenção pela frieza do atirador, que estava no banco traseiro de caminhonete e acertou as vítimas na cabeça 

por Joseane Teixeira
Publicado em 06/08/2025 às 22:06Atualizado em 07/08/2025 às 10:58
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A Justiça de Rio Preto pronunciou o vendedor de armas Isaac Moreira Neto, 23 anos, para que ele vá a júri popular pela execução do empresário Márcio Hortense, 62, e do gerente Fabiano da Silva, 48, ocorridas em agosto do ano passado, no bairro Anchieta.

O crime chamou atenção pela frieza do atirador, que ocupava o banco de trás de uma caminhonete e disparou contra a cabeça das vítimas, que não tiveram chance de defesa. As investigações apontam que o empresário e o funcionário dele foram mortos para ocultar a venda ilegal de uma arma que pertencia a Hortense.

Para o juiz Ricardo Palacin Pagliuso, da Vara do Júri, Isaac deverá ser julgado por duplo homicídio qualificado por emboscada, para assegurar a ocultação de outro crime, com uso de arma de fogo de uso restrito e contra vítima maior de 60 anos (Hortense).

De acordo com as investigações da Polícia Civil, o empresário e o gerente foram mortos quando o Hortense, que era de Borborema, foi buscar uma pistola Imbel 380 na loja em que o vendedor trabalhava. A arma desapareceu.

Imagens das câmeras da loja, registradas no dia do crime, mostram que Isaac usava as mesmas roupas que aparecem nas imagens do local do duplo homicídio.

Policiais apreenderam na casa do então investigado uma mochila com a mesma inscrição da utilizada pelo atirador.

O inquérito aponta ainda inconsistências no interrogatório do vendedor, que afirma não se lembrar das características da pistola adquirida por Hortense. Ele afirmou que restaurou as configurações do celular para liberar espaço de memória e que não conhecia as vítimas, tampouco manteve contato com elas.

Outro indício que liga o vendedor à cena do crime é uma mancha de sangue encontrada no pedal da moto dele. Exame de DNA apontou que o sangue é do empresário morto.

Isaac está preso preventivamente.

Ao Diário, o advogado Juan Siqueira afirmou que vai recorrer da sentença de pronúncia.

“Não esperávamos nada de diferente. Em se tratando da primeira fase do júri, não se conhece nenhuma decisão que não seja pautada pelo in dubio pro societate ou literalmente ‘lava-se as mãos’ para que os jurados decidam. De qualquer modo, não estamos convencidos dos desacertos constantes em vários pontos, inclusive, quanto ao duplo homicídio, pois se a autoria é certa, como diz a acusação, então é um crime com uma única conduta que gerou dois resultados”, escreveu.

Até que findem as possibilidades de recurso, não será definida a data do julgamento.