Polícia investiga se havia trabalho análogo à escravidão em fábrica clandestina de cerveja
Policiais chegaram ao galpão após denúncia de cárcere privado e apreenderam engradados de bebidas e rótulos de marcas famosas de cerveja em Novo Horizonte


A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar uma quadrilha, composta por ao menos dez pessoas, suspeita de montar uma fábrica de falsificação de cerveja e manter operários em trabalho análogo a escravidão, em Novo Horizonte. O local foi descoberto na noite de quarta-feira, 11.
O crime era cometido em um galpão, no Jardim da Acácias, local onde funcionava uma antiga indústria de refrigerante. No espaço foram apreendidos engradados de bebidas e rótulos de marcas famosas.
A fábrica clandestina foi localizada pela Polícia Militar, que esteve no local para averiguar uma denúncia de cárcere privado no galpão, na avenida Domingos Beraldo.
Quando os policiais entraram no prédio, com ajuda do Corpo de Bombeiros, quatro pessoas conseguiram fugir pulando muros em direção aos imóveis vizinhos, mas todos foram identificados.
Segundo o delegado seccional de Novo Horizonte, Eder Galavotti, a quadrilha é suspeita de manter a fábrica em funcionamento com pessoas trancadas no galpão. "Pelo que apuramos, há suspeita de que essas pessoas, que são trazidas de outros estados, viviam no local, em situação análoga a escravidão. Encontramos oito camas no galpão", diz o delegado.
Esquema
Conforme descoberto pela Polícia Civil, a quadrilha comprava cerveja de baixa qualidade para envasar em garrafas com rótulo de marcas famosas. Outra estratégia era substituir os rótulos e lacres das garrafas.
Dentro do barracão, foram encontradas mil garrafas e diversos rótulos de cerveja. Dez engradados estavam prontos para o comércio. Documentos de quatro suspeitos de envolvimento no esquema de falsificação foram apreendidos pelos militares e amostras das bebidas serão periciadas pelo Instituto de Criminalística (IC). Também foi apreendido um celular que será periciado para saber, por meio das mensagens, quem são as pessoas que coordenavam a fábrica.

Outra denúncia
Depois que entraram na fábrica clandestina, policiais receberam outra ligação anônima. Desta vez, o denunciante dizia que havia um caminhão com emplacamento adulterado estacionado em um posto de combustíveis, na avenida Josué Quirino de Moraes. O veículo estaria carregado com bebidas falsificadas.
O caminhão informado na denúncia, de fato, estava no posto, com o baú destravado e cheio de engradados vazios. O motorista, de 53 anos, foi intimado a dar explicações na delegacia e contou que o caminhão está em nome do genro. Ele não soube dizer nada sobre os engradados de cerveja. Na ocasião, os policiais também encontraram o dono do barracão, de 48 anos, que afirmou ter alugado o espaço para terceiros e apresentou os documentos da locação.
Para Galavotti, há suspeita de que pelo menos dez pessoas participavam do esquema de crime tributário contra a relação de consumo e cárcere privado.
(Colaborou: Guilherme Ramos)