Em Rio Preto, profissionais de limpeza contam como é a rotina hospitalar na pandemia
Profissionais de limpeza dos hospitais desempenham um papel fundamental, ainda mais evidente durante a pandemia; manter as unidades higienizadas protege pacientes e demais funcionários da saúde

Durante a pandemia, a valorização dos profissionais da saúde ficou evidente na sociedade. Médicos e enfermeiros são chamados de heróis todos os dias, mas, ao lado desses profissionais, outros não tão reconhecidos também merecem receber a mesma designação: os profissionais da limpeza, heróis e heroínas que atuam diariamente para garantir a higienização do ambiente hospitalar. Eles estão ao lado dos profissionais da saúde na linha de frente do combate ao coronavírus, fazendo um trabalho que sempre foi importante e essencial.
Com as mudanças na rotina hospitalar, causadas pela pandemia, o trabalho de limpeza tem sido redobrado, principalmente nas alas específicas para o atendimento aos pacientes contaminados pela Covid-19 ou aos suspeitos. Os profissionais da limpeza exercem um papel fundamental dentro do hospital: evitar a proliferação do vírus, protegendo a todos que precisam ficar no local, de pacientes a funcionários.
Vera Lúcia Teixeira de Souza, 52 anos, trabalha no Hospital de Base há quatro anos e afirma que sua rotina de trabalho mudou completamente depois do primeiro caso na cidade, no dia 12 de março. "Eu trabalho no Serviço Hospitalar de Limpeza (SHL) fazendo a higienização dos leitos e dos quartos dos pacientes contaminados quando recebem alta ou são transferidos para outro setor. Higienizamos as paredes, as janelas, as maçanetas, os interruptores, enfim, tudo em que o paciente toca, para que não haja a contaminação dos funcionários."
A profissional ainda conta que precisa lidar todos os dias com o medo e a preocupação, visto que, mesmo tomando todos os cuidados, está exposta aos riscos de contaminação. Ela faz o possível para evitar o contágio da doença, já que seu marido é pré-diabético, o que é um fator de risco. "Temos uma roupa paramentada, com um capote impermeável que, inclusive, é extremamente caloroso, máscaras do modelo N95, protetores faciais e duas luvas descartáveis. Toda a paramentação é trocada assim que acabamos a higienização de um quarto. Além disso, tomamos banho no hospital assim que saímos do setor. Quando eu chego em casa, ainda deixo as roupas na porta e vou diretamente para o banheiro para tomar outro banho."
Para Vera, o mais difícil é se manter bem psicologicamente - uma colega de trabalho que contraiu o vírus não resistiu. "Houve muitas mudanças e a nossa nova rotina tem sido tensa e intensa. Eu oro todos os dias para que Deus nos guarde e nos livre de toda doença. Continuo orando para que acabe logo essa pandemia."
Ter que manter o profissionalismo em momentos difíceis é extremamente desafiador, mas necessário, segundo outra profissional do HB, Elaine Batistela Nascimento, 37 anos. Ainda mais nesta situação em que tanto os pacientes quanto os médicos, enfermeiros e todos os outros funcionários dependem do trabalho da equipe de limpeza - a higienização correta e frequente é a principal medida para evitar a proliferação do vírus. "No começo da pandemia eu fiquei apreensiva, mas não desisti, pois sei que desempenho um papel importante. Eu me apeguei a Deus em orações, faço minha parte, me cuido e me protejo."
Elaine ainda menciona que a pior parte do trabalho é ter que conviver com a dor e a tristeza de inúmeras pessoas que estão no local sofrendo por conta da doença. Por outro lado, observar a luta diária dos pacientes, mesmo que indiretamente, proporciona motivação e faz os profissionais se emocionarem. "É muito triste para nós, que estamos ali dentro, ver a situação dos pacientes de perto. Mas, sempre que entramos nos quartos, nós desejamos um bom dia, perguntamos como a pessoa está e falamos que vai ficar tudo bem", afirma.
A diretora administrativa do HB, Amália Tieco, exalta importância do trabalho. "São colaboradores fundamentais no processo hospitalar, principalmente neste momento de pandemia. Agradecemos muito o comprometimento e a dedicação destes profissionais, que estão sempre de prontidão."
Até o momento, em Rio Preto, 2.095 profissionais de saúde - incluindo médicos, enfermeiros, funcionários da limpeza, entre outros - foram infectados pelo coronavírus. A Prefeitura não informou quantos morreram.
(Colaborou Ingrid Bicker)
Dicas de limpeza
Alteração também fora dos hospitais
Não foram apenas os profissionais da limpeza que atuam em hospitais que tiveram a rotina de trabalho intensificada. Aqueles que trabalham em estabelecimentos e clínicas também precisaram redobrar o cuidado com a higienização. Foi o que aconteceu com os funcionários da empresa SPSP, que é especializada em serviços de diversos setores, inclusive de limpeza. Eles prestam serviço para o Plaza Avenida Shopping, de Rio Preto, e precisaram iniciar uma nova rotina.
Adenir Aparecida Polizelli, 38 anos, é uma dessas funcionárias. Ela considera o seu trabalho fundamental tanto para sua vida quanto para a das outras pessoas, ainda mais durante a pandemia. "Me mantenho como peça chave da jornada de prevenção ao vírus. Acredito que, mesmo com o pouco caso de boa parte da população, eu estou na linha de frente para passarmos por esse momento difícil que estamos vivendo."
O superintendente do Plaza Avenida Shopping, Carlos Affonso, afirma que os profissionais da limpeza são fundamentais e que, com a pandemia, os cuidados com essa área foram redobrados. "Sempre nos preocupamos muito com a limpeza e higienização do shopping. Mas com a pandemia foi preciso fazer ainda mais, pois precisamos cumprir uma série de determinações e novos procedimentos para garantir não apenas a limpeza, mas para evitar qualquer tipo de contaminação. Para isso, reforçamos o número de profissionais de limpeza e redobramos os cuidados. O trabalho diário deles é imprescindível para garantirmos um ambiente ainda mais seguro a todos."
Segundo o gerente de relacionamento e inovação ao cliente da SPSP, Gustavo Guedes, também foi necessário desenvolver algumas técnicas para refletir na segurança do público que frequenta o local e também dos próprios funcionários. "As superfícies passaram a ser limpas com mais frequência, porque não sabemos se as pessoas que estão em trânsito estão ou não infectados. Limpeza é saúde, é imprescindível no combate à propagação do coronavírus. Os cuidados com a saúde dos colaboradores são controlados pelo uso de máscara, luvas, álcool em gel, entre outras medidas de segurança."
(Colaborou Ingrid Bicker)