Diário da Região
SAÙDE

Hálito saudável

A limpeza da língua é fundamental para uma higienização bucal perfeita e para prevenir a halitose

por Jéssica Reis
Publicado em 30/07/2021 às 17:39Atualizado em 02/08/2021 às 16:20
A higienização da língua pode ser feita com a própria escova de dentes ou com um raspador de língua (Canva/Banco de Imagem)
A higienização da língua pode ser feita com a própria escova de dentes ou com um raspador de língua (Canva/Banco de Imagem)
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O mau hálito, também conhecido como halitose, atinge 70% da população e na maioria dos casos tem origem na língua. O problema não é uma doença, mas um sinal de que algo está errado no organismo. Segundo o cirurgião-dentista Paulo Bottura, de Rio Preto, a halitose é uma condição que deve ser identificada e tratada, pois ela pode levar o indivíduo ao isolamento do convívio social.

Além de escovar os dentes corretamente e usar fio dental, a higienização correta da língua é fundamental para ter um hálito saudável e livre de maus odores. “A higiene bucal inadequada é um agravante para o problema da halitose. Ao não escovar a língua, ocorre uma concentração de resíduos no local. Isso faz com que as bactérias, que existem naturalmente na boca, dissolvam as partículas de alimentos e, assim, liberem substâncias com forte odor”, explica Bottura.

Os principais sinais e sintomas da halitose são a presença de saburra lingual (língua branca) e sentir gosto ruim na boca com frequência (geralmente amargo). O cirurgião-dentista diz que muitas pessoas com mau hálito não conseguem perceber o problema pelo olfato. Isso ocorre porque as células do nariz se acostumam com os cheiros após algum tempo. Por isso, velhos truques como fazer concha com as mãos e depois respirar o ar não revelam o problema. “Diante disso, quem desconfia que o hálito não está normal, deve pedir que alguém de confiança lhe avise se está sentindo um odor desagradável.”

Segundo o cirurgião-dentista, a higienização da língua pode ser feita com a própria escova de dentes ou com um raspador de língua, que é um acessório, em formato de U, usado para remover os resíduos e a saburra acumulada na língua. “Para fazer a limpeza, em ambos os casos, coloque a língua para fora e comece pela parte de trás em direção à ponta da língua. Não é necessário aplicar muita força. O uso do raspador de língua é mais eficaz para limpar a língua do que a escova de dente, pois retira mais facilmente a saburra e elimina melhor os materiais e restos de alimentos acumulados na língua. O ideal é fazer a limpeza da língua de preferência à noite, antes de dormir”, ensina.

Hugo Lewgoy, cirurgião-dentista e doutor pela USP, recomenda também o uso dos chamados higienizadores linguais plásticos, que removem a saburra lingual de forma muito mais eficiente do que as escovas normais, sem machucar a língua ou sem provocar ânsia ou náuseas. “Os higienizadores linguais devem ter um design que se adapte ao formato da língua possibilitando a remoção da saburra de forma simples. Podem ser mais estreitos ou mais largos, ter lâmina dupla ou simples e ter ranhuras ou não. O raspador com ranhuras deve ser utilizado principalmente para a remoção da placa mais aderida. Já o raspador liso de uma lâmina é o ideal para manutenção diária por ser mais estreito e delicado”, explica Hugo Lewgoy.

Causas da halitose

Problemas periodontais: a infeção bacteriana do periodonto, ou seja, dos tecidos de suporte dos dentes também causa a halitose. Ela pode ser percebida por dores na gengiva, sangramentos e até mesmo pelo gosto ruim na boca.

Higienização inadequada da boca: resíduos de alimentos podem se alojar entre os dentes e a gengiva, gerando mau cheiro.

Diabetes: o hálito cetônico é comum entre os diabéticos. Caracteriza-se por um odor semelhante ao cheiro de “maçã velha”. Esses casos, costumam ser acompanhados de doenças periodontais.

Saburra lingual: corresponde à formação de uma crosta esbranquiçada ou amarronzada sobre a língua. É composta de bactérias, células mortas, restos de alimentos e muco de saliva.

Pouca salivação: ocorre principalmente durante o sono, à noite, resultando na maior fermentação das bactérias presentes naturalmente na boca. Fatores psicológicos, como o estresse, e alguns medicamentos também podem diminuir a salivação.

Ficar muitas horas sem comer: isso também leva à fermentação das bactérias da boca.

Alterações sistêmicas: distúrbios gastrointestinais, principalmente quando a pessoa possui refluxo, podem levar a ocorrência do mau hálito.

Infecções na boca ou na garganta: os microrganismos causadores dessa infecção podem fermentar e levar ao mau hálito

Fonte – Paulo Bottura, cirurgião-dentista, de Rio Preto