Você sabe o que é cisto pilonidal?
A doença é causada por um emaranhado de pelos e causa desconforto na região próxima ao cóccix

Dor na região do cóccix, incômodo para sentar e um ‘carocinho’ que aparecia e sumia, até que um dia ele resolveu amanhecer inflamado e causando muita dor. Este relato é da jornalista que vos escreve. Descobri que tinha um cisto pilonidal aos 20 anos de idade, mas eu já convivia com o pequeno intruso há alguns anos, sem saber. Precisei fazer uma cirurgia para a retirada do cisto. O pós-operatório foi um pouco traumático, porque fiz a chamada cirurgia aberta e levou meses para cicatrizar.
Mas se você nunca ouviu falar nesse tipo de cisto, vamos lá. O cisto pilonidal ou doença pilonidal vem do latim (pilus - pêlo; nidus - ninho). “É portanto um cisto com um emaranhado de pelos no seu interior que acomete o tecido subcutâneo da região entre as nádegas, próxima ao cóccix, quase sempre na linha média a uns 5 centímetros do ânus. É uma doença comum em adolescentes e adultos jovens, sendo a faixa etária mais comum dos 15 aos 30 anos de idade, sendo rara após os 40. O sexo masculino corresponde a 80% dos casos”, explica o Prof. Dr. Roberto Luiz Kaiser Júnior, proctologista.
Segundo o médico, a causa ainda é desconhecida, mas acredita-se que possa ser adquirida por uma dificuldade de exteriorização do pelo, ficando enrolado internamente formando um cisto e não saindo mais (por isso o nome de pilonidal).
“Os sintomas mais comuns geralmente são dor ou desconforto na região interglútea, que pode evoluir para abscesso ou uma drenagem desse líquido espontaneamente através de um furo. Se drenar sozinho normalmente fica vazando secreção com cheiro ruim (pus) periodicamente por toda a vida ou até que resolva com cirurgia. Normalmente o orifício de drenagem é único e na linha média, mas pode haver vários orifícios drenando”, explica o proctologista.
Kaiser diz que a única opção de tratamento é a cirurgia, onde existem dois tipos. “O primeiro é a retirada do cisto, deixando aberto o local onde ele foi retirado, podendo levar em média 6 meses até a completa cicatrização. Essa técnica é chamada de ‘aberta’ e é atualmente a mais utilizada, tendo como desvantagem o fato de ter que ficar fazendo curativo (preenchendo o buraco do cisto) duas vezes por dia. A segunda é chamada de ‘fechada’ e consiste em retirar o cisto e fechar a pele, mas o paciente tem que ficar pelo menos 15 dias sem sentar, pois corre risco de forçar e abrir os pontos.”
A recidiva do cisto não é tão rara de acontecer, mesmo após a cirurgia bem feita, Segundo estatísticas, a chance do cisto voltar é em torno de 10%. A notícia ruim é que não tem como prevenir que um cisto apareça. “Se não tratar não tem risco de evoluir para câncer, mas o paciente normalmente fica com um líquido com cheiro ruim vazando constantemente”, diz o médico.
Novo tratamento
A boa notícia é que agora existe uma nova técnica que utiliza um aparelho chamado de ‘Vaaft’. Esse é um aparelho parecido com o utilizado na endoscopia do estômago, que entra pelo furinho da pele e consegue retirar todos os pelos lá de dentro. “Com o aparelho pode-se também cauterizar o cisto internamente, não precisando de cirurgia mais complexa para retirada do cisto, nem de recuperação prolongada para voltar as suas atividades. Pode-se voltar a vida normal em média um dia após o procedimento, sem nenhum cuidado com repouso, curativo e atividade física”, explica Kaiser.
Fatores de risco para a doença
Sobrepeso / obesidade
Trauma local ou irritação
Estilo de vida sedentário ou sessão prolongada
Aumento da densidade do cabelo na região da fenda interglútea
História familiar
Sinais e sintomas

Fase Aguda
Normalmente, como primeiro sinal, surge uma acumulação de pus numa cavidade formada acidentalmente nos tecidos orgânicos, ou mesmo em órgão cavitário, em consequência de inflamação/abscesso que pode necessitar de cirurgia para seu esvaziamento (incisão e drenagem). Muitas vezes a doença não reaparece nem prossegue após esta drenagem, cicatrizando e dando-se por curada. Muito importante para evitar que a doença reapareça é eliminar os pelos durante alguns meses. O acompanhamento pelo médico especialista é importante para as decisões quanto ao melhor tratamento.
Fase Crônica
Na fase crônica, restam persistentes orifícios que eliminam secreções, mostrando sinais de inflamação crônica, associados à vermelhidão e dor. A intervenção cirúrgica está indicada, quase sempre, nesta fase.
Fonte - Sociedade Brasileira de Coloproctologia