Veja como funciona a central de monitoramento que alertou Moraes sobre violação em tornozeleira de Bolsonaro
Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime), de Brasília, monitora os equipamentos 24 horas por dia, em tempo real

Ao decretar a prisão preventiva Jair Bolsonaro (PL), no último sábado, 22, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes considerou, entre outros fatores, a violação da tornozeleira eletrônica por parte do ex-presidente. O alerta ao ministro foi emitido pelo Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime), de Brasília, que monitora os equipamentos 24 horas por dia, em tempo real.
A central é ligada à Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), como funciona também nos estados brasileiros. O sistema de monitoração gerou o alerta da violação por Bolsonaro à 0h07, do sábado.
"Imediatamente, a equipe de escolta posicionada nas imediações da residência do monitorado foi acionada, assim como a Direção da Unidade. Os policiais penais realizaram contato imediato com o réu solicitando que se apresentasse para verificação do equipamento. Paralelamente, a Diretora Adjunta do Cime se deslocou até o local para análise presencial da situação", diz trecho do relatório.
Já na casa de Bolsonaro, a diretora da unidade identificou que a informação inicial de que ele havia batido o dispositivo na escada não procedia. "O equipamento possuía sinais claros e importantes de avaria. Haviam marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local de encaixe/fechamento do case. No momento da análise o monitorado foi questionado acerca do instrumento utilizado. Em resposta, informou que fez uso de ferro de solda para tentar abrir o equipamento", afirma.
O Cime é responsável pelo cumprimento das decisões oriundas do Núcleo de Audiência de Custódia (Nac), da Vara de Execuções Penais (Vep), da Vara de Execução de Penas em Regime Aberto (Vepera) e de todas as varas criminais, de entorpecentes e de violência doméstica do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJ-DFT).
Além disso, como no caso de Bolsonaro, a equipe da central também realiza a instalação dos dispositivos eletrônicos e a retirada ao final do prazo estabelecido pela Justiça.
De acordo com informações da central, ao decidir pelo uso do equipamento, o juiz competente define as regras que devem ser observadas, como horários e locais que passam a ser monitorados pelo Cime instantaneamente. O trabalho é realizado por policiais penais.
O governo do Distrito Federal registrou uma violação de tornozeleira eletrônica por semana neste ano, em média. Foram contabilizadas 60 desvinculações até esta segunda-feira, 24. Atualmente, 1.673 réus usam tornozeleira no Distrito Federal, informou a Seape.
A tornozeleira eletrônica, que é resistente à água, por exemplo, emite sinais para a central quando há uma tentativa de violação ou quando a pessoa monitorada sai da área permitida pela Justiça
Como mostrou o Fantástico, da TV Globo, ao detectar uma irregularidade, um alarme sonoro é acionado para os funcionários da central e a tela de monitoração exibe um alerta colorido. A cor rosa representa tentativa de violação da pulseira ou do dispositivo, e a cor roxa sinaliza que a bateria está fraca ou que o dispositivo foi desligado.
Todas as ocorrências envolvendo o descumprimento de ordem judicial são comunicadas ao juiz competente para a devida análise e decisão. Violações durante a monitoração podem levar à revogação do benefício, decretação de prisão ou regressão de regime.