Diário da Região
OPERAÇÃO VIDA FÁCIL

Polícia Federal faz operação contra fraude no auxílio emergencial em Rio Preto

Um mandado de busca e apreensão foi cumprido no bairro Boa Vista e 17 pessoas foram presas em outras cidades; a investigação apura fraudes no auxílio emergencial na ordem de R$ 10 milhões

por Francela Pinheiro
Publicado em 24/11/2021 às 23:32Atualizado em 25/11/2021 às 08:18
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Policial Federal durante a operação, em local não informado; mandados foram expedidos pela Justiça de Araçatuba, onde a apuração teve início (Divulgação/Polícia Federal)
Policial Federal durante a operação, em local não informado; mandados foram expedidos pela Justiça de Araçatuba, onde a apuração teve início (Divulgação/Polícia Federal)
arma, munição, dinheiro e cartões, apreendidos (Divulgação/Polícia Federal)
arma, munição, dinheiro e cartões, apreendidos (Divulgação/Polícia Federal)
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A Polícia Federal de Rio Preto, em apoio à PF de Araçatuba, cumpriu, na manhã desta quarta-feira, 24, um mandado de busca e apreensão na cidade, no bairro Boa Vista, contra um rapaz investigado como integrante de organizações criminosas especializadas em fraudar o auxílio emergencial do governo federal. Denominadas de Vida Fácil I e Vida Fácil II, as operações da PF cumpriram outros 53 mandados de busca e apreensão e 17 mandados de prisão nas cidades de Araçatuba, Bauru, Marília, Birigui, Anápolis (GO) e em Maringá (PR). Os desvios estão estimados em mais de R$ 10 milhões.

As ordens judiciais para apreensões e prisões foram expedidas pela 2ª Vara da Justiça Federal de Araçatuba, a 155 quilômetro de Rio Preto. A investigação começou na Polícia Federal do município no início deste ano, após informações da Unidade de Repressão às Fraudes ao Auxílio Emergencial da PF em Brasília, no Distrito Federal.

A delegada que comandou as operações, Daniela Ferreira Mauro Braga, explicou, durante coletiva de imprensa, que os investigados mantinham duas bases tecnológicas equipadas e separadas, porém com comunicação entre elas para fraudar o programa federal. “Com atuação na região e fora da região também”, afirmou Daniela.

Dos 17 presos, dez foram pegos em Araçatuba e Birigui, cidade próxima à sede das investigações. Outros quatro investigados foram presos em Maringá, no Paraná, e uma pessoa foi presa em Bauru. Outras duas pessoas estão sendo procuradas pela polícia. Parte delas, segundo a PF, atuava como laranjas.

Os envolvidos foram identificados por meio de cruzamento de dados, obtidos pela unidade de repressão. Segundo Daniela, o esquema de fraudes enganava o sistema e o banco para sacar o auxílio. “Eles se faziam passar por pessoas e com isso recebiam o dinheiro do auxílio tanto de pessoas que iam sacar o dinheiro e quando chegava lá já tinha sido sacado, quanto de pessoas fictícias que eles criavam e assim tornava-se bem mais difícil a identificação dos valores desviados”, disse a delegada. Para obter sucesso nas operações, as organizações simulavam cadastros e senhas.

As duas organizações, centralizadas em Araçatuba, segundo a PF, utilizavam o dinheiro desviado para sustentar vidas de alto padrão com o dinheiro público, destinado a famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Adquirindo veículos de luxo e imóveis”, afirma a PF. Veículos de luxo, jet skis, dinheiro, armas e equipamentos tecnológicos foram apreendidos. A pedido da PF, a Justiça Federal também decretou o bloqueio de bens e valores para restituição dos recursos.

A Polícia Federal não repassou mais detalhes do cumprimento de busca e apreensão em Rio Preto. Já em relação aos presos, segundo a PF, eles serão indiciados pelos crimes de furto mediante fraude, praticado por meio eletrônico ou informático e associação criminosa. Se condenados, os investigados podem ficar até 16 anos presos. No total, 206 policiais federais participaram das operações nas sete cidades dos estados de São Paulo, Paraná e Goiás, alvos dos mandados.

Unidade apura fraudes

As investigações da Polícia Federal iniciaram graças a um cruzamento de dados feito pela Unidade de Repressão às Fraudes ao Auxílio Emergencial da PF, em Brasília, no Distrito Federal. A unidade trabalha com informações de diversos órgãos federais.

Um banco de dados que reúne informações estratégicas do Ministério Público Federal, Ministério da Cidadania, Caixa Econômica Federal, Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União e Receita Federal, além de informações da própria Polícia Federal. Com o cruzamento dos dados, segundo a PF, foi possível identificar os investigados.

"O objetivo é desarticular grupos ou organizações criminosas que atuam neste tipo de crime em várias unidades da federação”, informou a PF, em nota divulgada nesta quarta-feira, 24. (FP)