Diário da Região
ENCONTRO

Presidente do STF se reúne com senadores para discutir sobre a PEC do Centrão

O encontro serviu para que o grupo discutisse a preocupação dos ministros do STF com a proposta de emenda constitucional que dá poder ao Congresso para revogar decisões do tribunal

por Agência Estado
Publicado em 22/06/2022 às 00:52Atualizado em 22/06/2022 às 09:31
Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (Rosinei Coutinho/SCO/STF)
Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (Rosinei Coutinho/SCO/STF)
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, reuniu-se nesta terça-feira, 21, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e um grupo de senadores. O encontro serviu para que o grupo discutisse a preocupação dos ministros do STF com a proposta de emenda constitucional que dá poder ao Congresso para revogar decisões do tribunal.

Como o Estadão revelou, a PEC gestada por lideranças do Centrão e com apoio de integrantes das bancadas evangélica e ruralista estabelece que decisões do STF que não tenham sido aprovadas por unanimidade podem ser suspensas por ato do Congresso. A Constituição não prevê esse poder “revisor” de decisões judiciais a deputados e senadores.

Ao final do encontro, Pacheco disse que respeita as iniciativas de parlamentares, mas que a proposta da PEC é inconstitucional. “Primeiro, nós temos que ter absoluto respeito às iniciativas de parlamentares. É para isso que deputados e senadores estão no Congresso Nacional, justamente para propor aquilo que acreditam, e é natural que aconteça. Eu acredito e externei: em relação a qualquer tipo de instrumento que faça com que decisões judiciais possam ser revistas por outro poder, é algo que parece sim ser inconstitucional. É uma iniciativa da Câmara dos Deputados, nós respeitamos, mas eu não vejo no Senado Federal um ambiente para discussão de um tema dessa natureza”, disse Pacheco.

“Há uma diferenciação que impõe ao Judiciário a palavra final na solução de conflitos. Essa harmonia deve, obviamente, observar o fato de que o Poder Judiciário não pode exceder nas suas atribuições em relação a outros poderes”, argumentou o senador. “Isso se revê através de recursos próprios e da própria contenção do Poder Judiciário, que é algo que deve acontecer. O próprio Judiciário deve fazer uma reflexão do seu poder para que as decisões não extrapolam o exercício do julgar, especialmente em relação a outros poderes”, completou.

Outro assunto da reunião foi a chamada “PEC do Quinquênio”. A proposta garante bônus na remuneração de juízes e procuradores ao reintroduzir o quinquênio (adicional de 5% do salário a cada cinco anos) para membros do Judiciário e do Ministério Público. O benefício aos trabalhadores da Justiça havia sido extinto em 2005.