Bolsonaro diz que ter arma é 'liberdade'
Autoridades católicas criticaram a liberação de compra de armas

Um dia depois de ser confrontado por autoridades católicas sobre a liberação da compra de armas, o presidente Jair Bolsonaro falou em "liberdade" e disse que, no Brasil, apenas o "bandido" andava armado. "Nós devemos nos preocupar com nossa liberdade, o bem maior de uma nação. Sem liberdade não há vida", afirmou o presidente.
Nesta terça-feira, 12, durante celebração de missa em Aparecida (SP), o arcebispo dom Orlando Brandes declarou que "pátria amada não é pátria armada". Já o padre José Ulysses da Silva, porta-voz do Santuário Nacional de Aparecida, também fez referência indireta à postura armamentista do governo. "Se conseguíssemos abraçar a proposta de Jesus, nós seríamos um povo mais desarmado e fraterno."
Bolsonaro disse nesta quarta, 13, que respeita os bispos, mas defendeu a posse de arma de fogo como uma "realidade". "Respeito os bispos, respeito a todos que tenham posição diferente da minha. Não é porque quando eu não quero uma coisa, eu acho que ninguém pode ter o direito de querer. Nós devemos nos preocupar com a nossa liberdade", afirmou o presidente em Miracatu, no Vale do Ribeira, onde entregou 4 mil títulos de regularização fundiária a assentados da reforma agrária. Seu irmão, Renato Bolsonaro, é chefe de gabinete da prefeitura.
O presidente também voltou a criticar medidas restritivas para conter a disseminação do novo coronavírus e atribuiu a alta dos alimentos, do gás e dos combustíveis à "política covarde e criminosa que é aquela do fiquem em casa que a economia vem depois". Bolsonaro destacou que ele foi um dos únicos presidentes a se posicionar contra restrições durante a pandemia e repetiu que não apoia a vacinação obrigatória. "Nosso governo comprou todas as vacinas que ainda são distribuídas no Brasil, e estamos oferecendo de forma voluntária a aqueles que quiserem tomar."
Bolsonaro declarou ainda que sabe que o povo está sofrendo com a inflação e a alta de preços do gás, dos combustíveis e dos alimentos. "Podem reclamar do presidente, mas, primeiro, veja quanto o seu governador está cobrando de ICMS. O valor do tributo federal não foi alterado desde janeiro de 2019." Sem usar máscara, o presidente chegou sobre a carroceria de uma caminhonete e foi recebido por apoiadores, com quem caminhou e tirou fotografias. Bolsonaro estava acompanhado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Eleições
Bolsonaro ainda voltou a insuflar uma possível candidatura do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, em 2022. "Se vocês querem Tarcísio na política, peçam por ele", declarou. O presidente quer Tarcísio como candidato ao governo de São Paulo, mas o chefe da Infraestrutura prefere se lançar ao Senado, possivelmente em Goiás.
O presidente já afirmou que pretende disputar a reeleição de 2022, mas ainda não se filiou a partido. O PP convidou o presidente para ele disputar a reeleição pelo partido.
‘Decidi não me vacinar’
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que decidiu não tomar vacina contra covid-19, argumentando que a imunização, para ele, "não tem cabimento". Ele ato disse já ter sido infectado pela doença e supostamente ter um alto nível de anticorpos. "Eu decidi não tomar mais a vacina. Eu estou vendo novos estudos, e minha imunização está lá em cima. Para que vou tomar? Seria a mesma coisa que você jogar R$ 10 na loteria para ganhar R$ 2. Não tem cabimento isso daí", disse o presidente da República.
100 milhões
O Brasil atingiu a marca de 100 milhões de pessoas totalmente vacinadas contra a covid-19 nesta quarta-feira, 13, o que representa 47,11% da população. O País também está próximo de bater a marca de 150 milhões de pessoas vacinadas com ao menos uma dose. São até o momento 149.950.990, ou 70,29% da população que iniciou o esquema vacinal contra a doença. Hoje, o Brasil já supera a Alemanha e os Estados Unidos no número de pessoas vacinadas com ao menos uma dose.