Diário da Região
ASSESSORA DO PRESIDENTE

MP abre inquérito para investigar suposta assessora ‘fantasma’ do presidente da Câmara de Rio Preto

Promotor Gustavo Yamaguchi Miyazaki abre apuração sobre assessora nomeada por Luciano Julião (PL) e marido dela que não é nomeado no Legislativo; defesa descarta irregularidade 

por Vinícius Marques
Publicado há 15 horasAtualizado há 8 horas
Presidente da Câmara, Luciano Julião (PL) (Edvaldo Santos 02/09/2025)
Presidente da Câmara, Luciano Julião (PL) (Edvaldo Santos 02/09/2025)
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O 1º promotor de Justiça Auxiliar, Gustavo Yamaguchi Miyazaki, abriu inquérito para apurar irregularidades sobre assistente do presidente da Câmara de Rio Preto, Luciano Julião (PL), e também sobre as atividades do marido dela no Legislativo. O Ministério Público havia aberto apuração preliminar sobre o caso e partir de representação do Psol, com base em reportagem do Diário, publicada em julho. A representação aponta suspeita de funcionária “fantasma”.

A reportagem divulgou que Francine Betriz Feltrim Dias foi nomeada pelo presidente, mas seu nome não aparecia em listas internas da Câmara, de telefones de assessores. O marido dela, Renan Dias, por sua vez, é visto com frequência na Câmara mesmo sem ser nomeado oficialmente para cargo algum. A assessora recebe salário de R$ 9,7 mil. A reportagem mostrou que, embora não nomeado, Renan concedeu entrevista à TV Câmara sendo identificado como “assessor legislativo”. O inquérito foi instaurado na segunda, 8.

O promotor Carlos Romani solicitou dados sobre as atividades da assessora ao presidente da Câmara. Quando a reportagem foi publicada, Julião disse que Francine cumpre suas funções na Casa, principalmente em atividades externas. Afirmou ainda que Renan é seu “secretário particular”.

O advogado do presidente, Edlênio Xavier Barreto, encaminhou documento, no qual afirma que as atribuições da assessora para o cargo comissionado em que foi nomeada “é para realizar preferencialmente o trabalho de campo; promover a articulação entre a Presidência do Legislativo com a comunidade; o levantamento de demandas nos bairros; a representação da Presidência em eventos e agendas externas”, entre outras. Anexou documentos sobre as atividades da assessora, incluindo fotos.

Sobre Renan Dias, o advogado do presidente afirma que ele faz “assessoramento particular/estágio não remunerado”, em caráter privado, sem remuneração ou relação administrativa com as atividades inerentes aos servidores de carreira ou dos servidores em cargo em comissão do Poder Legislativo.”

Inquérito

O promotor, por sua vez, determinou a abertura do inquérito. No documento, cita que o uso de estrutura pública por pessoa não investida em cargo público pode configurar utilização indevida de patrimônio público, em afronta aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Em outro trecho da portaria de inquérito, o promotor aponta “a eventual percepção de remuneração por ocupante de cargo público sem a correspondente prestação de serviços pode caracterizar ato de improbidade administrativa”.

O MP, assim, requisitou uma série de documentações à Câmara. O inquérito irá apurar a efetiva prestação de Francine Dias, possível atuação irregular de Renan Dias dentro da estrutura da Câmara Municipal, além de “possível custeio público indevido de deslocamentos com veículo particular” e ainda eventual desvio de finalidade no ato de nomeação da servidora comissionada.

O promotor Gustavo Yamaguchi Miyazaki determinou que a Câmara apresente em 20 dias, relatórios das atividades externas da equipe do Gabinete da Presidência da Câmara, relação de de todos funcionários do gabinete, lista atualizada de ramais telefônicos e servidores vinculados à Presidência da Câmara, entre outras determinações. Ainda requisitou que a Câmara preste “esclarecimentos minuciosos acerca do acesso” do marido da assessora às dependências físicas da Câmara, incluindo a utilização de ramais telefônicos, participação em grupos institucionais de comunicação e eventual uso de bens móveis ou serviços disponibilizados pela Câmara. Também requisitou dados à TV Câmara.

Presidente

Em nota, o advogado do presidente afirma que tomou conhecimento do inquérito e a defesa afirma que “restará demonstrada a inexistência de qualquer ato de improbidade administrativa, preservando-se a transparência, a legalidade e a confiança da sociedade rio-pretense.”

Leia a nota da na íntegra

“A defesa do Presidente da Câmara Municipal de São José do Rio Preto/SP, Luciano de Oliveira Julião, representada pelo advogado Dr. Edlênio Xavier Barreto, tomou conhecimento da instauração de inquérito civil pelo Ministério Público Estadual, referente a supostas irregularidades envolvendo a nomeação de servidora da Presidência da Câmara e a atuação de seu cônjuge, mesmo após já terem sido prestados esclarecimentos e apresentadas diversas documentações que demonstram a inexistência de qualquer irregularidade.
A defesa reafirma a plena confiança nas autoridades competentes e no regular andamento das investigações, ressaltando a disposição de colaborar integralmente com todos os esclarecimentos necessários. Está convicta de que, ao final do procedimento, restará demonstrada a inexistência de qualquer ato de improbidade administrativa, preservando-se a transparência, a legalidade e a confiança da sociedade rio-pretense.” A nota é assinada pelo advogado de Julião, Edlênio Xavier Barreto.