Iniciativa privada garante R$ 15 milhão para urbanizar favela em Rio Preto
O recurso faz parte das parcerias com empresários intermediadas pela rede do Instituto Gerando Falcões, idealizadora do estudo de urbanização da favela da Vila Itália, em Rio Preto



O fundador e CEO do Instituto Gerando Falcões, Edu Lyra, afirmou nesta terça-feira, 20, que tem R$ 15 milhões mobilizados para o projeto piloto de urbanização da favela da Vila Itália, em Rio Preto. A proposta eleita pela Prefeitura e instituto para transformar a favela, com previsão de conclusão em dois anos e meio, prevê um gasto público de R$ 7 milhões para regularização e infraestrutura da área e outros R$ 19,2 milhões para construção de 240 casas - parte do recurso deve ser bancado pelo Estado. Nesta terça, o prefeito Edinho Araújo (MDB) fez uma visita oficial na favela pela primeira vez. A visita ocorreu no mesmo dia do início das obras para abastecimento de água da comunidade.
A construção da rede de extensão de fornecimento de água começou após decisão judicial que obrigou o município a fornecer água potável na comunidade, em razão da pandemia de Covid-19. Atualmente, o abastecimento está sendo feito por meio de caminhão-pipa. As obras, de responsabilidade do Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Semae), fazem parte da primeira intervenção da Prefeitura para construção de infraestrutura na favela.
As obras são para dois pontos de fornecimento de água potável e com prazo de conclusão até a primeira semana de agosto. Esta rede de abastecimento será ampliada no futuro pelas obras de saneamento básico na área. Desde a formação da favela, em 2014, quando os barracos começaram a ser erguidos de forma irregular, as famílias utilizam água sem tratamento.
Para a implementação dos serviços de infraestrutura, o custo previso no estudo realizado pelos institutos Tellus e Gerando Falcões é de R$ 7 milhões a ser bancado pela Prefeitura. Além do saneamento básico, o pacote prevê pavimentação de ruas, onde hoje são becos e vielas, recuperação ambiental de áreas degradadas e instalação de uma rede de energia elétrica para substituir as ligações clandestinas.
Durante a visita do prefeito na favela, Edinho afirmou que as obras ficarão prontas em 2022. "Estou reafirmando o compromisso de um ano para o protocolo que eu fiz com o Instituto Gerando Falcões para a regularização da área e infraestrutura", afirmou.
O projeto de reurbanização socioeconômica da favela prevê construção de 240 moradias, com custo estimado de R$ 80 mil cada uma, conforme o estudo, num total de R$ 19,2 milhões. Pela proposta, as casas serão construídas com recursos do Governo do Estado e da iniciativa privada. As doações confirmadas, segundo Lyra, já contam com R$ 15 milhões. "Eu posso dizer, fora o (recurso) do Estado e da Prefeitura, mobilizamos R$ 15 milhões", afirmou.
A participação da iniciativa privada e a busca por novas parcerias, concentrada no grupo dos empresários do Lide do Noroeste Paulista, fazem parte da segunda etapa do projeto de reurbanização para projetos e ações desenhadas como uma mandala social para moradia digna; acesso à saúde; cidadania e cultura de paz, para ações de combate à violência doméstica e violência urbana; direito à Educação; primeira infância; autonomia da mulher; cultura, esporte e lazer e geração de renda.
Para implementar as mudanças, o projeto também prevê a construção de praças e espaços de convivência, cooperativa de reciclagem, quadras esportivas, creche, escola, posto de saúde, entre outros. "É a construção de um programa técnico de reconstrução para urbanização social e com equipamentos sociais. Essa é a maneira de fazer as famílias decolarem socialmente", disse Lyra. A previsão é entregar a favela transformada até 2024. "Se tudo der certo, é concluir em dois anos e meio", afirmou.
A ideia da favela 3D – digital, digna e desenvolvida – tem a participação direta do Instituto As Valquírias. A diretora Amanda Oliveira, disse que o, momento é de unir esforços. “Se cada empresário que puder, adotar uma família, vai acabar com a pobreza de Rio Preto”, disse.
O líder comunitário Benvindo Neri Pereira disse que o momento é de disposição e colaboração. “A favela está em êxtase por esse projeto faraônico, com possibilidade de virar um projeto nacional. Um mérito da população que lutou todos esses anos”, afirmou. ”Eu espero melhorias, que venha creche, saúde, energia elétrica, emprego e, principalmente, uma moradia. É o que mais faz falta para nós”, completou Ana Ester, 26 anos, mãe de dois meninos, de um e quatro anos e grávida de oito meses.
Prefeito faz visita a favela
O prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), visitou no final da tarde desta terça-feira, 20, a favela da Vila Itália. Acompanhado do secretário de Habitação, Manoel Gonçalves, Edinho cumprimentou os moradores e fez uma breve reunião com as famílias para reafirmar o compromisso de levar obras de infraestrutura até a comunidade, para viabilizar o projeto de urbanização da favela, idealizado pelo Instituto Gerando Falcões.
A primeira visita oficial do prefeito no local foi intermediada pelo fundador e CEO da ONG, Edu Lyra, que está na favela desde domingo, 18, em um processo de escuta dos moradores. Ao discursar para as famílias, Edinho elevou a qualidade de vida de Rio Preto e ressaltou, “até que ela não for uma cidade boa para todos, tem o que fazer”.
Ao falar sobre o início das obras para abastecimento de água, o prefeito afirmou que ali no local, não basta construir casas. “É um projeto que quer ser modelo pra São Paulo e para o Brasil”, afirmou. “Nos pretendemos construir uma obra coletiva. A Prefeitura reafirma aqui o que eu falei para o Edu, que para a solução dos problemas, para além do habitacional, não temos experiências, mas não fugirei”, disse.
Segundo o prefeito, desapropriar áreas para a regularização da favela e tirar o esgoto do meio das moradias são transformações que significam “cidadania”.
O líder comunitário Benvindo Neri Pereira apresentou ao prefeito os projetos de educação presencial para crianças e adolescentes, citou as ações de alfabetização de adultos na comunidade, com a participação de educadores voluntários e disse que a população está ali para colaborar com o projeto.
Já Edu Lyra, que também nasceu na favela, disse que o sonho é ver a transformação da comunidade. “Queria dizer que os moradores aqui são heróis e heroínas de sobreviverem em um ambiente tão duro. Vieram numa invasão e vieram porque não tinham renda”, afirmou. “É impressionante o tanto de fogueira à noite, o tanquinho de lavar roupas que funciona há 20 anos, o banho de caneca todos os dias. Essa composição vai fazer a gente construir uma história. Vou precisar do prefeito para ajudar a convencer outros prefeitos e de vocês para empoderar outros favelados”, finalizou.