Estudantes da Famerp repudiam entrega do título 'Parceiro do Bem' a Bolsonaro
Movimento formado por entidades estudantis de medicina, psicologia e enfermagem protocolou carta aberta aos diretores da Faculdade de Medicina e da Funfarme e também criou petição pública na internet

Um movimento composto por estudantes da Faculdade de Medicina de Rio Preto encaminhou às direções da Famerp e da Funfarme (que engloba ainda o Hospital de Base e o Hospital da Criança), carta aberta em repúdio à decisão do complexo de homenagerar o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), com o título de “Parceiro do Bem”.
Repúdio
O documento, protocolado nesta segunda-feira, 14, foi endereçado a Francisco de Assis Cury (diretor-geral da Famerp) e Jorge Fares (diretor-executivo da Funfarme). A carta aberta destina-se também aos estudantes, profissionais e população que é atendida pelos serviços do complexo.
Petição
Além da carta aberta (clique aqui para ler na íntegra), o movimento, que inclui alunos de medicina, psicologia e enfermagem, criou uma petição on-line que entrou no ar no início da noite desta segunda-feira, 14. No meio da tarde desta terça-feira, 15, já contava com mais de 500 assinaturas. São signatários da iniciativa os centros acadêmicos dos três cursos, além das atléticas das faculdades de enfermagem e psicologia.
Apoios
“E já estamos contando, também, com apoio de centros acadêmicos da Unesp”, diz Isadora Maffei, aluna do segundo ano do curso de psicologia e responsável pelo departamento de política do movimento de estudantes, cuja comissão organizadora conta com 20 alunos da instituição.
HB justifica
O objetivo do Hospial de Base é agraciar Bolsonaro durante a vinda dele à região, prevista para o próximo dia 24 de fevereiro, para a entrega de obras da BR-153. O HB, que já fez homenagem semelhante ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), justifica a iniciativa diante de conquistas obtidas pelo complexo Funfarme (Fundação Faculdade de Medicina de Rio Preto) junto ao Ministério da Saúde.
Trecho da carta 1
“Visto que as ações do presidente são incoerentes e inconsequentes, o movimento estudantil da FAMERP, uma faculdade da área da saúde, se opõe à tal titulação em razão do projeto de desmonte da educação pública brasileira, da gestão genocida durante a pandemia de COVID-19 e o número de mortos, dos cortes de verbas públicas endereçadas a ciência brasileira, do incentivo ao discurso de ódio contra as populações vulneráveis, da propagação de fake news e tratamentos ineficazes”, diz trecho do documento encaminhado às direções da Famerp e Funfarme. E também da petição pública.
Trecho da carta 2
Em outro trecho, os alunos fazem uma referência específica ao diretor da Funfarme. “Ao Diretor Executivo do Complexo FUNFARME, Prof. Dr. Jorge Fares, relembramos que o seguinte homenageado foi indiciado por prevaricação; charlatanismo; epidemia com resultado de morte; infração às medidas sanitárias preventivas; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documentos particulares; crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade na Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a má gestão governamental durante a pandemia.”
Estratégia
Segundo Isadora, a carta aberta e a petição pública são as ações mais viáveis hoje para expor a indignação dos alunos. “Essa é uma decisão (entregar o título de Parceiro do Bem a Bolsonaro) que leva nosso nome também, como alunos da instituição. E precisamos falar que discordamos e mostrar para a população o motivo dessa discordância”, completa a estudante de psicologia.
Comitiva
Não é a primeira vez que alunos da Famerp se insurgem contra integrantes do governo federal. Durante visita ao complexo Funfarme em agosto do ano passado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi recebido por um grupo de manifestantes que repudiou a política antivacina do presidente Jair Bolsonaro (PL).