Fotógrafo Otto Wiermann encantava Rio Preto com suas imagens
Seu trabalho de fotógrafo foi referência na cidade

Foi uma emoção indescritível. Pegar nas mãos, as câmeras e equipamentos que foram usados pelo fabuloso fotógrafo Otto Wiermann, que fotografou a cidade Rio Preto, por mais de 4 décadas, entre 1930 e 1970, não tem preço. A família, através dos filhos Paulo e Maria Helena e netos, esteve no nosso Museu da Imagem e do Som neste mês de novembro para fazer a doação do precioso equipamento. Um tesouro incalculável.
E eu não poderia estar só nesse momento. Convoquei o nosso historiador mor, professor Agostinho Brandi, e os fotógrafos Jorge Maluf (que comprou o seu Estúdio quando Otto aposentou-se), Mohamad Kharfan e José Nogueira para acompanhar o acontecimento histórico. Ao final, a conversa estendeu-se por horas, de tantas histórias sobre o mestre. Kharfan relembrou um fato fantástico: “No período da guerra, ficou difícil adquirir filmes e Wiermann utilizou chapas de Raio X para produzir suas fotos. Uma coisa de doido ou gênio”, diz Kharfan. “Você distingue uma foto de Otto Wiermann de longe. Não precisa nem pegar nas mãos. Já sabe pela qualidade da imagem e do papel”, diz o historiador Agostinho Brandi.

E é verdade. Eu lido com fotografia há muitas décadas e nunca vi qualidade de impressão igual, principalmente as fotos do Automóvel Clube das décadas de 1930 e 1940. Uma beleza só. Nessa época Wiermann tinha seu estúdio “Photographia Allemã”, na rua Jorge Tibiriçá, 575. Em 1942, em decorrência da guerra, foi obrigado a mudar o nome da sua empresa para “Foto Brasil”. Otto Wiermann nasceu na Fazenda de São Simão, perto de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, em 1906. Por volta dos anos 1930 aprendeu a fotografar e se mudou para São José do Rio Preto, onde se casou com Cléria Bernardi e teve três filhos: Maria Helena, Otília e Paulo.
Seu trabalho de fotógrafo foi referência na cidade. “Ele trabalhava com retratos em seu estúdio, fotografias de eventos, fotografias externas – desde trabalhos com a polícia até fotografias aéreas – e experimentações. Seu trabalho incluía sua família: suas modelos de experimentações fotográficas eram suas filhas, Maria Helena e Otília; seu filho Paulo o ajudava em seu estúdio e fora dele, com equipamentos durante a produção e a esposa, Cléria o ajudava na pós-produção, com retoques nas fotografias e, até a colorização delas.

Otto fazia questão de retratar a sua família, acima de tudo e, esse aspecto familiar fez com que as histórias sobre suas fotografias sempre fossem contadas e repassadas pelas gerações”, diz a neta Isabella Salviano Barretto, que fez do seu avô a sua tese de pós-graduação em Museologia, Colecionismo e Curadoria, no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Que bela ideia.
Fotos históricas
