Coluna resgata fotos da terrível enchente de 1964, em Rio Preto
Arquivo fotográfico de Jaime Colagiovanni resgata a memória do dia 23 de dezembro de 1964, quando Rio Preto enfrentou uma das maiores enchentes da história; dezenas de estabelecimentos foram inundados

O ano de 1964 prometia muito. Rio Preto vinha de duas administrações formidáveis: a de Alberto Andaló, 1956 a 1959 (faleceu no exercício do mandato), e na sequência a segunda gestão de Philadelpho Gouveia Neto, de 1960 a 1963. O otimismo era tanto que, a Cometa Filmes, mesmo antes de terminar o ano, mostrava as obras finais da administração de Philadelpho, já com a presença dos novos mandatários: os médicos Lotf João Bassitt e Linneu de Alcântara Gil, eleitos prefeito e vice-prefeito, para o mandato de 1964 a 1969 e do novo presidente da Câmara, o advogado, professor e contador Aluízio Cherubini.
No primeiro dia do ano, os jornais A Notícia, Diário da Região e Correio da Araraquarense deram destaque para a posse dos novos mandatários da cidade. Mas no final março, tudo mudaria. Os militares tomaram o poder, depondo o presidente João Goulart, provocando uma ditadura severa, que duraria 21 anos.
Aqui, a coisa também ficou muito feia. O regime imprimiu logo de cara uma censura ‘braba’ em toda nossa imprensa, falada e escrita. Na sequência, cassou o mandato de quatro vereadores, todos pertencentes à bancada do PTB e também outros quatro professores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Fafi).
Foi um ano muito difícil e em 23 de dezembro aconteceu uma das maiores enchentes de toda nossa história. Todo o comércio da baixada foi atingido em cheio, principalmente os barracões da Sociedade Algodoeira Rio Preto, onde é hoje é o novo Terminal Urbano Municipal, que era de propriedade do industrial Gabriel Jorge Cury, o popular “Japurá”.

Em especial à coluna, seu filho, o hoje renomado fotógrafo Toninho Cury, relembra: “O comércio na baixada era muito difícil. Chovia muito na região e do nada o rio Preto subia e tudo era perdido. O algodão do meu pai, o café do Café Guarani, do senhor Luiz Marqui, e também os produtos da Tyresoles, do Lécio Anawate. Essa de 1964 estragou tudo. A maior parte da produção de algodão usinado da safra de 63 estava nos armazéns no alto, onde fizeram a rodoviária”, diz Toninho.
Apenas os estabelecimentos que ficavam pra cima dos trilhos do trem não eram atingidos, como o Bar Ok, onde hoje é uma loja de bicicletas. O Bar Okamoto, que ficava lá embaixo, transbordou. “Estragou a pastelaria do japonês, os insumos do Shideo Igami, a Oficina Mecânica do Pedro Somed – Simca automóveis – as geladeiras do Bar do Tio Chico Massissi, as borracharias do Pina e a do Tonicão, o Bar do Abílio, que era um portinha na rua Bernardino e só tinha bêbados na sarjeta”, relata Toninho. Como sempre, o fotógrafo Jaime Colagiovanni fez uma bela série de fotos do acontecimento que vão merecer duas colunas.
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