Diário da Região
CARTAS DO LEITOR

Solitude

por Usuário não informado
Publicado em 15/01/2022 às 00:59Atualizado em 15/01/2022 às 01:19
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O texto de Leandro Karnal, " A fome da caverna", publicado pelo Diário na edição de 12/1/2021, como sempre excelente nos convida para uma reflexão. No primeiro parágrafo descreve duas ocasiões ricas para observar nossa espécie. Quando estamos sozinhos e quando estamos em situações de alimentação em grupo. Depois, se detém apenas no segundo momento. Vou falar de "estar completamente sozinho". Você já esteve rodeado de pessoas, superconectado, mas sentiu um sentimento de vazio e um sofrimento que não têm explicações? Isso é a solidão.

Na contramão, já se viu sozinho, mas com um sentimento de plenitude? Isso se chama solitude, que é um termo poético e se refere a solidão, ou seja, ao estado de privacidade. Pode representar o isolamento e a reclusão voluntária, porém não diretamente associado ao sofrimento.

Tanto que os especialistas sugerem um retiro, menos celular, mais contemplação, desapego e meditação para o primeiro grupo. Vale também pisar descalçado na grama, pescar, trilha ao ar livre e assistir a maravilha do pôr do sol e ouvir o cantar dos pássaros. Importante frisar que temos escolhas e que podemos tudo, porém nem tudo nos convém. Sendo comedido e com discernimento, o nosso bem estar pode estar logo ali naquela praça com aquele banquinho com uma vista maravilhosa e o cantar dos pássaros. Que tal experimentar? Não paga nada!

Rogério Roversi Martins, Rio Preto

Omissão

William Shakespeare que escreveu: “há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar”. Digo isso porque já faz 20 anos que existe a prisão de Guantánamo, localizada em Cuba, criada pelos Estados Unidos para abrigar suspeitos de terrorismo, os quais sofrem atrocidades, não têm defesa e não foram sujeitos a julgamento.

Há uma omissão generalizada, nenhum país cobra “explicações” dos EUA sobre esse atentados à liberdade e aos direitos humanos.

E a Human Rights Watch, a organização internacional não governamental que defende os direitos humanos, não fala nada? Todos os demais países do globo não falam nada, não pedem aos EUA que atendam aos direitos humanos, ao direito à liberdade que todo ser humano tem?

Os presos em Guantánamo (e são centenas) supostamente praticaram terrorismo, foram julgados sem provas. Haja indignação e mistério!

Wander Cortezzi, Rio Preto

Pelarin

Juiz de direito, Evandro Pelarin comanda há 7 anos a Vara da Infância e Juventude de São José do Rio Preto.

Há duas semanas, vimos na imprensa local e nacional a repercussão sobre a fala do juiz Pelarin a uma entrevista no Diário, sobre a vacinação obrigatória contra a Covi-19 em crianças de 5 a 11 anos. Entre milhões de comentários pros e contras nas redes sociais, o que mais chamou atenção do público foi a fala infeliz, hostil e grosseira do jornalista Augusto Nunes, da Jovem Pan News, emissora com filial em Rio Preto.

Existe um Código de Ética dos Jornalistas vigente, porém só está no papel - no seu Capítulo II e artigo 6º, que trata da conduta profissional do jornalista diz que é dever respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e a imagem do cidadão.

Enquanto a sociedade olhar para o seu próprio umbigo, cruzar os braços e fechar os olhos para os problemas estruturais familiares que ocorrem com o nosso vizinho, vamos continuar enfrentando este tipo de violência verbal nos veículos de comunicação de massa e estimulando o aumento do ódio e da falta de fé. O Papa Francisco, em sua homília dias atrás, trouxe uma mensagem de paz: "vamos amar uns aos outros e nos unir em prol dos mais necessitados - cabe somente a Deus nos julgar pelos nossos atos e omissões".

Pelarin não é "moleque", é um caro servo de Deus, com o dom sempre de amar, proteger e servir ao próximo.

Harley Pacola, Rio Preto

Sonhos

Vivemos um tempo de desequilíbrio da natureza, com grandes secas, enchentes, nevascas, tufões. A sociedade, por sua vez, com pandemias, esconde as desigualdades sociais, o desemprego, os sistemas econômicos perversos, o trabalho que remunera mal e cria a indignidade, em países e até Continentes. Essa civilização falida se revela com migrações e guerras por todas as partes. É possível sonhar um mundo diferente?

O Dia Mundial da Paz, dia de Ano Novo, foi instituído pelo Papa Paulo VI em 1967. Em sua 55ª edição, eis a mensagem do Papa Francisco: “Educação, trabalho, diálogo entre as gerações: instrumentos para edificar uma paz duradoura.” Como pode a Educação construir uma paz duradoura? O trabalho responde às necessidades vitais do ser humano em termos de justiça e de liberdade? As gerações são solidárias entre elas? Acreditam no futuro?

Na Solenidade de Cristo Rei, o Papa Francisco presidiu a Eucaristia por ocasião da 36ª Jornada Mundial da Juventude. O Papa, na sua homilia, valoriza o sentido de sonhar. “Um jovem que não seja capaz de sonhar, coitado, envelheceu antes do tempo. Sonhai, sede diligentes e olhai para o futuro com coragem. Obrigado por todas as vezes que cultivais o sonho de fraternidade, por todas as vezes que levais a sério as feridas da criação.”

“Obrigado quando lutais pela dignidade dos mais frágeis e propagais o espírito de solidariedade e da partilha; e obrigado porque, num mundo que tende a sufocar os grandes ideais, não perdestes a capacidade de sonhar. Muitos dos vossos sonhos correspondem aos do Evangelho. A fraternidade, a solidariedade, a justiça, a paz são os mesmos sonhos que Jesus tem para a humanidade”.

As gerações precisam interagir mais, no amor, no altruísmo, no compromisso, na verdade, na busca de um mundo novo. É preciso superar o egoísmo, que conduz à dominação, à exploração. O Rei Jesus não veio para dominar com espadas, com cavalos de guerra, mas reinar com amor, com a doação de vida, pela verdade, justiça e paz. Pare de fabricar armas. Pare de comprar armas. Seja jovem e sonhe criticamente uma Civilização do Amor.

Padre Antônio de Jesus Sardinha – vigário Geral da Diocese de Jales