O sucessor da rainha
O sucessor da gestão tem a missão de liderar a empresa para um futuro de longevidade

De acordo com a linha de sucessão, o primogênito da rainha sempre assumirá o trono. Independentemente da saúde política, financeira e assistencial do reino, a sucessão se dará conforme o regimento. O sucessor, caso deseje, pode abdicar o trono. Entretanto, raríssimas vezes a história nos mostrou isto. A ambição, o ego e o poder tornam o sucessor, muitas vezes, cego.
Quando transferimos a sucessão para uma empresa, as condições mudam. Quanto maior a empresa, mais meritocrática é a sucessão. Escolher o sucessor de uma empresa é uma tarefa árdua, delicada, que merece planejamento e análise técnica, profissional e isenta. Não basta estar lá, você deve fazer por merecer.
O que eu quero? Como estou em relação ao que quero? O que preciso fazer para conseguir o que quero? As respectivas repostas devem fazer parte do diário do candidato a suceder o “trono” empresarial. Para chegar ao destino tão sonhado, há um processo complexo, que envolve esforço, planejamento e perseverança: definir seus objetivos, planejar sua trajetória, trabalhar duro, manter-se motivado, aprender com seus erros e ter mente aberta são prerrogativas mandatórias para um sucessor.
O sucessor da rainha vive um estado permanente e absoluto. O empresarial não. Há um processo contínuo de aprendizado, crescimento e mudança. É possível alcançar o sucesso em diferentes áreas da vida, em diferentes momentos, mas isto exige responsabilidade, competência e força mental. A busca pelo sucesso deve ser equilibrada e realista, com pessoas que querem crescer ao seu lado, não com apoiadores frágeis e, muitas vezes, opositores.
O escritor Paulo Coelho define sucesso como “alcançar aquilo que se deseja, sem deixar de ser quem se é e sem comprometer os valores pessoais”. Para ele, o sucesso não deve ser conquistado a qualquer custo, mas sim de forma autêntica, natural e respeitando a própria essência.
O sucessor da gestão tem a complexa missão de liderar a empresa para um futuro de longevidade e prosperidade. Função que vem acompanhada de grandes expectativas de todas as pessoas elegíveis à sucessão. Suceder uma empresa em alta, robusta, com divisão importante de lucro e com expansão real dos negócios torna esta missão ainda mais complexa. Conhecer a alma do negócio, ser aprovado por seus próximos e ter o apoio destes são fundamentais.
É comum que empresas negligenciem o diagnóstico e a formação de seus sucessores. A tarefa é complexa. Todas as empresas necessitam formar líderes e demais gestores. Imaginar que apenas os valores de amizades serão suficientes para garantir bons sucessores, com bons desempenhos, é surreal. Conhecer a história do negócio, integrar tradição e inovação, ser protagonista e qualificar-se são obrigatórios.
A melhor sucessão para a empresa é aquela em que o escolhido conhece os desafios do negócio no curto e longo prazo e possui competências necessárias para enfrentá-los. O líder deve estar amparado por um grupo sólido que o apoie nos momentos corretos e que o contradiga nos momentos oportunos. Liderança não se conquista com rebelião, com ambição e com vitimismo.
Leandro Freitas Colturato, Médico ginecologista e obstetra