Nutrição e Fertilidade
A mudança do padrão alimentar é o fator mais relevante para a promoção de parâmetros reprodutivos adequados

Manter um estilo de vida saudável e equilibrado é importante em todas as fases da vida. E para quem pretende engravidar, esse cuidado não deve ser diferente. O impacto que um estilo de vida inadequado pode causar no desenvolvimento da infertilidade despertou um considerável interesse por parte dos pesquisadores, que passaram a observar aqueles hábitos que podem ser modificados, como a alimentação.
A alimentação é um fator imprescindível para o bom funcionamento do corpo, e a maneira como as pessoas se nutrem afeta diretamente a sua capacidade de reprodução. Há fortes evidências de que uma alimentação saudável tenha um efeito benéfico na fertilidade, assim como um padrão alimentar inadequado possa causar desequilíbrios orgânicos e dificultar ainda mais uma gestação. A oferta adequada de nutrientes é necessária aos vários processos fisiológicos e hormonais que envolvem a reprodução.
Não é apenas a mulher que deve cuidar da sua alimentação para aumentar as chances de sucesso de engravidar. Segundo as recentes pesquisas, a nutrição tem se mostrado uma importante aliada para o casal. Diversos estudos, assim como um realizado pela Universidade de Harvard, mostram que um padrão alimentar saudável pode melhorar as taxas de fertilidade feminina e masculina, a qualidade dos óvulos e dos espermatozóides, além de preparar a mãe para uma gestação mais segura.
Mas atenção: Mais importante que focar em alimentos ou nutrientes específicos, a mudança do padrão alimentar é o fator mais relevante para a promoção de parâmetros reprodutivos adequados. De forma geral, os estudos mostram que uma alimentação mais próxima da “dieta mediterrânea” é um excelente padrão a ser seguido, pois tem atuação positiva para o sistema reprodutor. Ela é baseada no que costumam consumir alguns povos da bacia do Mar Mediterrâneo (Grécia, Portugal, Turquia, Espanha e Sul da Itália) e há um maior consumo de alimentos frescos e naturais, como de legumes, verduras, frutas, peixes, azeite, oleaginosas, grãos integrais e laticínios magros, além de redução no consumo de carne vermelha, açúcares e alimentos processados e ultraprocessados.
Essa dieta contém um alto teor de vitaminas, minerais, compostos bioativos, fibras e gorduras insaturadas, tornando-a rica em alimentos com efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios que são importantes para a regulação da função reprodutiva.
Outros hábitos alimentares também são relevantes quando o assunto é a melhora da fertilidade, como evitar o consumo de bebida alcoólica, reduzir o consumo de cafeína, diminuir a utilização de alimentos industrializados e a exposição aos alimentos contaminados por agrotóxicos e Bisfenol-A.
O Bisfenol-A é uma resina utilizada na produção de plástico (sacolas, embalagens, garrafas, revestimento de latas e recipientes para aquecimento de alimentos no micro-ondas). A principal exposição a esse composto acontece pela alimentação, devido ao contato do alimento com o plástico. Estudos sugerem que o Bisfenol-A pode ter um papel no desenvolvimento da infertilidade, isso porque um estudo realizado na Universidade de Roma evidenciou uma maior concentração de Bisfenol-A em mulheres inférteis.
Manter o peso adequado têm se mostrado fundamental. As evidências sugerem que o excesso de peso corporal e o baixo peso podem desencadear um desequilíbrio hormonal, alterar a qualidade de óvulos e espermatozoides, além de dificultar a implantação do embrião no endométrio. A adequação do peso, quando realizada de forma saudável, é um eficaz tratamento para a restauração da fertilidade.
Vale ressaltar que a alimentação não é o único fator a ser considerado. Quem deseja engravidar deve cuidar da sua saúde de forma integral, praticando atividade física, tendo uma boa qualidade de sono, manejando o estresse e realizando o acompanhamento médico adequado.
Invista em uma boa alimentação e num estilo de vida saudável, pois a preparação é tão importante quanto a gestação.