Efeito Erundina
Ao que parece, eleições polarizadas tendem a esse efeito, como observamos em diversas situações

Em 1.988, Luiza Erundina estava em terceiro lugar, não havia segundo turno na época, ela atraiu o voto dos que votariam em candidatos que estavam atrás dela para evitar que Maluf e Leiva ganhassem. Essa foi a primeira vez no Brasil que as pesquisas deram ao eleitor a opção de escolher aquela que não votariam, mas consideravam uma opção menos ruim, foi o Efeito Erundina.
A primeira pesquisa, feita a 15 dias da eleição, divulgada em 1 de novembro de 1988, mostrava Paulo Maluf com 26%, João Leiva com 20%, Luiza Erundina com 12%, José Serra com 10% e João Mellão com 6%; a segunda pesquisa, divulgada na véspera, 14 de novembro, mostrava Paulo Maluf com 26%, Luiza Erundina com 20%, João Leiva com 16%, José Serra com 9% e João Mellão com 7%. Erundina foi eleita!
Ao que parece, eleições polarizadas tendem a esse efeito, como observamos em diversas situações na eleição do último dia 2 de outubro. Há outros problemas, como já coloquei em artigos anteriores o problema das amostras, pois temos um censo muito desatualizado e que certamente induz algum erro na montagem das amostras. E como os institutos de pesquisa não conseguem estimar esse tipo de erro, não se sabe a precisão real das pesquisas. Talvez um conceito de "derating" devesse ser aplicado a pesquisas.
Outra questão que fica como sugestão para os institutos de pesquisa: os institutos de pesquisa do Brasil têm que fazer o mesmo que os dos EUA, ou seja, perguntar se o eleitor pretende votar. Para ter 3 a 5%, estimam entrevistar mil pessoas, como cerca de metade não vota, entrevistam o dobro e perguntam primeiro se o eleitor irá votar. Como vimos, no Brasil, cerca de 20% dos entrevistados não foram votar, dessa forma, introduz um erro maior que os 2% calculados e da confiança de 95%, já que foram tratados como se fossem votar. Dessa forma, precisamos aumentar a amostra em 20% e perguntar se irão votar.
Talvez esteja na hora de utilizar Inteligência Artificial e isso possa melhorar a detecção desses movimentos que vimos acontecer. E não esqueçamos o Efeito Erundina, da migração de votos.
O Brasil tem 156,5 milhões de eleitores aptos a votar, porém, compareceram 123,7 milhões de eleitores e desses, votaram nulo ou branco, 5,4 milhões, reduzindo a 118,2 milhões de votos válidos ou 75,6% do total. Ou seja, um em cada quatro eleitores preferiram não participar da escolha de presidente, são mais de 38 milhões de pessoas, é muita gente. Tudo bem que parte esteja doente ou morto.
Lula teve mais de 57 milhões de eleitores e Bolsonaro, 51 milhões. Faltou a Lula apenas 1,86 milhão de eleitores para ganhar no primeiro turno, o que é impressionante, considerando que Lula foi retirado injustamente da disputa em 2.018, sendo condenado por um juiz que não tinha a autoridade para julgá-lo (incompetente, no palavreado jurídico) e, pior dos mundos, esse juiz tornou-se ministro do candidato que ele favoreceu. Um problema grave de Ética, conforme todo funcionário federal aprende no curso obrigatório de Fundamentos de Integridade Pública.
Mario Eugenio Saturno, Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.