Como as mulheres estão redefinindo o sucesso
Promover o bem-estar das mulheres não é apenas uma questão de justiça social

Nas últimas décadas, as mulheres conquistaram avanços significativos no mercado de trabalho, ocupando posições de destaque em diversas áreas, liderando empresas e empreendendo com sucesso. No entanto, essa ascensão profissional tem sido acompanhada por desafios importantes relacionados ao bem-estar físico, emocional e social.
A sobrecarga é um dos principais obstáculos enfrentados pelas mulheres na atualidade. Além das responsabilidades profissionais, muitas ainda acumulam a maior parte das tarefas domésticas e dos cuidados familiares, o que amplia os níveis de estresse e compromete a qualidade de vida. Esse fenômeno, conhecido como dupla jornada, afeta diretamente a saúde mental e o desempenho no trabalho.
Estudos indicam que mulheres são mais propensas a desenvolver transtornos relacionados à ansiedade e à depressão, especialmente quando submetidas a ambientes profissionais competitivos e pouco inclusivos. A pressão para provar competência, o preconceito de gênero e raça e a ausência de políticas de apoio — como licença-maternidade adequada, horários flexíveis e programas de saúde mental — agravam essa situação.
Por outro lado, muitas mulheres têm buscado alternativas para promover o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. O empreendedorismo feminino, por exemplo, surge como uma estratégia para conquistar maior autonomia e flexibilidade, permitindo que elas definam seus próprios horários e prioridades. Além disso, a valorização do autocuidado, por meio de práticas como atividade física, terapia, tem ganhado espaço entre mulheres que desejam preservar o bem-estar.
Empresas também começam a perceber a importância de criar ambientes mais acolhedores e igualitários. Programas de diversidade, políticas de equidade salarial e ações que promovem a saúde mental são cada vez mais comuns, embora ainda haja um longo caminho a percorrer.
Promover o bem-estar das mulheres no ambiente profissional não é apenas uma questão de justiça social, mas também de sustentabilidade. Mulheres saudáveis, respeitadas e valorizadas tendem a alcançar melhores resultados e a contribuir de forma mais significativa para o desenvolvimento das organizações e da sociedade como um todo.
O futuro das mulheres na carreira depende, portanto, de mudanças estruturais, mas também de um olhar atento para si mesmas, reconhecendo seus limites e priorizando o próprio bem-estar como parte fundamental do sucesso.
Lívia Maria de Carvalho
Advogada e Palestrante. Especialista em Direito e Processo do Trabalho. Secretária Geral da Comissão de Igualdade Racial da OAB/SP. Membra do Comitê Especial sobre Julgamento com Perspectiva de Gênero, do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/SP - gestão Membra do Coletivo Mulheres na Política. Membra da Coalizão Nacional de Mulheres.