A população é quem paga
Os vereadores e o prefeito mostraram que suas prioridades orbitam em torno de seus interesses

Em julho, a Câmara de Vereadores de Rio Preto aprovou o reajuste salarial para seus integrantes e para o prefeito a partir do próximo mandato. O placar ficou em 10 votos a favor do aumento, quatro contrários, duas abstenções – sem contar o presidente da Casa, que só votaria em caso de empate. Além de passar com facilidade pelos vereadores, o aumento também não encontrou dificuldades para ser aprovado pelo atual prefeito Edinho Araújo.
Com a aprovação, a partir de 2025, os salários desses representantes do povo passarão dos atuais R$ 5,9 mil para R$ 16,5 mil para os futuros vereadores, e de R$ 17,1 mil para R$ 28 mil, no caso do chefe do Executivo. É importante ressaltar que, para o próximo mandato, também haverá um aumento no número de cadeiras na Câmara de Vereadores, saindo de 17 para 23.
O valor só não vai ser maior porque o prefeito Edinho, em um momento de lucidez, barrou gatilhos que poderiam escalar o salário do Executivo até chegar a R$ 34 mil.
Obviamente que esses aumentos vão impactar nas contas do município. A estimativa é que o impacto financeiro seja de mais de R$ 40 milhões a partir do próximo mandato. Atitudes como essas – de aumentos dos próprios salários – levantam dúvidas sobre as prioridades da administração pública de Rio Preto. A pergunta que fica é: imagine se toda essa quantia fosse destinada a projetos e serviços essenciais para a comunidade, como saúde, educação, segurança e infraestrutura?
O óbvio sobre esses aumentos é que quem vai pagar a conta é o munícipe - para a surpresa de “zero pessoas”. A primeira tentativa desse ‘repasse’ da conta para o cidadão foi a proposta do prefeito Edinho Araújo para aumentar em 25% o IPTU de Rio Preto. Felizmente, devido à pressão popular, essa proposta foi rejeitada em unanimidade pelos vereadores.
Como resposta à rejeição do aumento do IPTU, o prefeito optou por implementar um pacote de cortes de gastos, impactando diretamente os serviços públicos. Um dos primeiros afetados foi a Secretaria da Mulher, Pessoa com Deficiência e Igualdade Racial, que já possuía um dos menores orçamentos da Prefeitura. Segundo Edinho, o objetivo com esse pacote de cortes de gastos é economizar até R$ 100 milhões em 2023, e pelo visto, a população e serviços que atendem a comunidade vão ser os responsáveis por pagar a altíssima conta de nossos políticos.
Em resumo, os vereadores e o prefeito de Rio Preto demonstraram com clareza que suas prioridades orbitam em torno de seus próprios interesses. Com isso, fica uma lição importante para as próximas eleições quando alguns desses indivíduos tentarão renovar seus mandatos. Caberá a cada um de nós a responsabilidade de avaliar cuidadosamente os candidatos e fazer escolhas ponderadas na hora de eleger aqueles que realmente nos representarão.
Felipe Guedes, Médico patologista
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