5G: alinhamento de antenas
Uma tarefa paralela e necessária à liberação do 5G é a atualização da legislação de antenas

Com altíssima velocidade, confiabilidade e baixa latência, o 5G promete melhorar efetivamente a qualidade da conexão via internet para todos os fins, desde a rede que é utilizada para conectar nossos celulares até aquela necessária para a implementação de carros autônomos, realização de cirurgias remotas e muitas outras inovações que só pareciam reais em filmes de ficção. Contudo, enquanto ao menos 65 países já contam com redes 5G (The State of 5G, VIAVI) em seus territórios, o Brasil ainda caminha devagar na implantação da tecnologia.
Ao tempo em que nos países desenvolvidos a implementação dessa rede começou há três anos, apenas recentemente a Anatel publicou o edital de licitação do 5G no Brasil. Apesar dos avanços, surgem muitas dúvidas em relação aos desafios de implementação. Entre eles, está a necessidade de instalação de mais antenas no território brasileiro, processo que pode demorar longos períodos.
A infraestrutura do 5G não é igual à do 4G, amplamente utilizada no Brasil. A experiência de outros países mostra que para ter a mesma cobertura do 4G, o 5G precisará de, no mínimo, três vezes mais antenas espalhadas pelas cidades. A cidade de São Paulo, por exemplo, que tem uma das coberturas mais avançadas do País, conta com 6.207 antenas e bases habilitadas a transmitir sinal 4G. Neste contexto, é preciso estar atento ao tempo necessário para se instalar uma antena nova no País. A legislação sobre o assunto é majoritariamente municipal e, não raramente, contém regras divergentes entre bairros, fazendo com que o processo de se aprovar e instalar uma nova antena demore meses ou anos. A instalação passa por etapas como estudos de propagação; liberação da área onde vai ser instalada uma antena; liberação e aprovação do backhaul que irá atender cada antena; instalação da rede de fibra óptica que irá alimentar a antena – que, por sua vez, precisa de uma estrutura aérea de postes ou subterrânea. Após a preparação técnica e contratual, a construção de um site pode demorar até seis meses.
O processo exige que as operadoras invistam em estudos técnicos de propagação para decidir onde e como instalar suas antenas. Inicia-se, então, o demorado processo de preparar infraestrutura, submeter projetos à prefeitura e subprefeituras, para então preparar a tecnologia. Dessa forma, nota-se que uma tarefa paralela e necessária à liberação do 5G é a atualização da legislação de antenas. Só com a instalação de novos sites adequados as operadoras terão como construir um ecossistema de infraestrutura que permita a capilaridade da tecnologia.
Para além dos empecilhos burocráticos e legislativos que podem comprometer a implantação do 5G no País, barreiras de ordem técnica e tecnológica também existem, como por exemplo instalações fora dos padrões definidos pelos estudos das operadoras. Como consequência, o sinal fica fraco e inconsistente, e o potencial da tecnologia é mal aproveitado.
Ainda, as antenas comuns, como as do 4G, têm apenas uma direção de sinal, com uma cobertura ampla, enquanto a rede 5G conta com antenas com tecnologia beamforming, isso é, aquela que permite direcionar, controlar, customizar os feixes de sinal. Neste novo horizonte, mínimas alterações de direção ou inclinação nas antenas podem deixar uma área inteira sem sinal de internet. Com ondas milimétricas, como as do 5G, a alocação da antena à distância de um passo para a direção errada já pode comprometer a cobertura.
Ou seja, a exatidão do alinhamento e direcionamento de antenas sempre foi importante para a qualidade do sinal de internet. É verdade que existem diversas barreiras burocráticas para a massificação do 5G no Brasil, mas a cada dia surgem novas tecnologias que ajudam a driblar esses e novos empecilhos.
Everton Souza, Gerente de contas e especialista em pré-vendas wireless LATAM na VIAVI