Diário da Região
ARTIGO

101 anos da Acirp

Duas datas significativas se entrelaçam: os 101 anos da Acirp e o início da Plaza de España

por Edinho Araújo
Publicado em 21/10/2021 às 23:32Atualizado em 21/10/2021 às 23:36
Edinho Araújo (Edinho Araújo)
Edinho Araújo (Edinho Araújo)
Ouvir matéria

Hoje, dia 22, duas datas significativas se entrelaçam no cenário histórico e genealógico de Rio Preto. A Acirp (Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto) comemora 101 anos de fundação e coincidentemente a Plaza de España (que homenageia a colônia espanhola do município) começa a ser construída na mesma data, numa doação fraterna do rio-pretense Antônio Cabrera (ilustre descendente).

A colônia espanhola teve forte atuação na constituição da Acirp. O registro dessa simbiose encontramos no Álbum Illustrado da Comarca 1927-1929, o primeiro grande estudo oficial de Rio Preto: “Dentre os espanhóis de maior destaque no município, o Álbum de 1929 destaca Rosendo B. Martinez, que ao lado de outros imigrantes, fundou em 1920 a Associação Comercial do município, exercendo o cargo de 2º tesoureiro em sua primeira diretoria; os comerciantes Francisco Vidal, Hemetério Pascua Valle, o engenheiro Eduardo Campoó, proprietários de grandes estabelecimentos à época, e o maior produtor de café no município, Manuel Reverendo Vidal, chefe político regional, vereador à Câmara de Rio Preto e o mais abastado fazendeiro da Comarca, cognominado o Rei do Café”. (Abílio Abrunhosa Cavalheiro e Paulo Laurito, 1929)”. Mais adiante, a história registra que em 1920 (ano da fundação da Acirp), os espanhóis formavam o mais numeroso grupo de imigrantes em Rio Preto: dos 22.404 estrangeiros calculados no município, mais de 8 mil eram espanhóis; os italianos vinham em segundo lugar. Em 1940, os espanhóis correspondiam a 34% dos estrangeiros locais.

No dia 17 de outubro de 1920, numa reunião de comerciantes e empresários, gente empreendedora, nasce uma associação com o ideal de congregar os que trabalham e produzem. Eram eles: Alfredo Pimentel. Nagib Gabriel, Manoel de Souza Varella, J.Gomes Ribeiro, Francisco Pires, Henry Simonsen, José Carlos Ferraz de Campos, Luiz Antônio Fleury, Álvaro da Rocha Gomes e Benedicto da Costa Neto. A Acirp nasce com o nome Associação Commercial Rio Preto, depois passa a se chamar Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Rio Preto (1922) e finalmente Associação Comercial e Industrial de Rio Preto (1982). Tanto o seu primeiro presidente Alfredo Pimentel quanto o atual, Kelvin Kaiser, passado um século, comungam o ideal de liderar a classe produtora em prol do desenvolvimento de Rio Preto. É a associação mais antiga do interior do Estado, segundo a Federação das Associações Comerciais do Estado (Facesp), com representatividade ativa no comércio, empresariado, indústria, prestação de serviços e agronegócio, tornando-se porta-voz de quem produz. Continua na mesma esquina cheia de memórias das ruas Voluntários de São Paulo e Silva Jardim, num prédio art-nouveau construído pelo engenheiro Euphly Jalles.

Vale destacar que imigrantes que vieram buscar oportunidades e qualidade de vida em Rio Preto sempre foram muito bem-vindos e amados, e a nossa cidade acolheu também aos portugueses, italianos, libaneses, sírios, japoneses, haitianos e nossos vizinhos latinos. Todas as culturas foram aqui valorizadas, assim como a força de trabalho dos estrangeiros e seus descendentes que ajudaram esta metrópole a crescer. Nada mais apropriado que iniciarmos nesta data tão simbólica a construção da Plaza de España, numa parceria público-privada, e recebermos com alegria o Cônsul Geral da Espanha no Brasil, D. Miguel Gómez de Aranda y Villén, para o descerramento da placa que marca o início das obras, ao lado do vice-cônsul D. Antônio Cabrera Mano Filho e do presidente da Casa de España, Nelson Lóis.

O projeto Viva a Praça da Secretaria de Serviços Gerais engloba o “Colônia Viva”, propondo-se a construir praças em parceria com as colônias para homenagear os estrangeiros e revitalizar espaços públicos da cidade. A Praça dos Povos Árabes foi a primeira a ser entregue nessa modalidade. Assim, em espaços públicos conservados, vamos registrando para a posteridade um pouco da história e da cultura dos povos que escolheram Rio Preto para viver, e que se tornaram rio-pretenses de coração.

Edinho Araújo, Prefeito de Rio Preto