AS PRIMEIRAS CERVEJARIAS DE RIO PRETO
Muito antes dos rótulos industriais, Rio Preto já tinha sabor próprio nas cervejas criadas por imigrantes italianos e comerciantes locais

A cerveja inglesa chegou ao Brasil logo depois da chegada da Família Real portuguesa, em 1808. Há registros que príncipe regente Dom João VI, era apreciador inveterado de cerveja. Com a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, abolindo o monopólio comercial luso, muitos produtos estrangeiros começaram a entrar no País. Por volta de 1850, a cerveja começou a ser produzida no Brasil, mas num processo caseiro, realizado por famílias de imigrantes para o seu consumo.
A primeira cervejaria no Brasil foi fundada em 1834, no Rio de Janeiro. Era a “Gengibirra”, bebida feita de farinha de milho, gengibre, casca de limão e água, essa infusão descansava alguns dias, sendo então vendida em garrafas ou canecas, e a “Caramuru” feita de milho, gengibre, açúcar mascavo e água, esta mistura fermentava por uma semana. Em Rio Preto, a bebida começou a ser produzida a partir do início do século 20. Em artigo para o Diário da Região, em 05 de agosto de 2007, a professora e historiadora Nilce Lodi (falecida em 2020) diz que a primeira cerveja lançada na cidade foi “Silvia”, em 1905, de propriedade de João Lisboa, comerciante radicado em Rio Preto.
Na sequência veio “Estrela”, de Frederico Bocchi, e “Boa Vista”, em 1910. “Nessa época, o município contava com uma população de padrão médio formado por fazendeiros, profissionais liberais, funcionários públicos, industriais, comerciantes e imigrantes. A venda era feita na própria cervejaria, em bares e em festas realizadas dentro das cervejarias. As entregas eram feitas em carroças”, diz Nilce. O Álbum Illustrado da Comarca, de 1927-1929 deu grande destaque para o comércio e a indústria local na época.
A Cervejaria Bom Vista era de propriedade de Carlo Magro, natural do Veneto, Itália. Vindo de Jaboticabal, em 1910, Carlo transferiu-se com a família para Rio Preto. Adquiriu um terreno na rua Tiradentes, no bairro Boa Vista, máquinas e outros equipamentos, onde instalou a “Cervejaria Boa Vista”, fabricando cerveja, refrigerantes naturais e licores.
No jornal “O Porvir”, de 3 de abril de 1910, encontramos a pitoresca nota sobre as duas fábricas de cerveja da cidade, Estrela e Boa Vista: “São dois magros, os Srs. Frederico Bocchi e Carlos Magro, ambos ‘florentes etate’ e cervejeiros ambos; são dois magros resolvidos a cevar a humanidade à força de cevada. Em 1922, surge a “Fábrica de Bebidas Centenário”, de Domenico Zini e seu filho Ettore Zini.
Instalada à rua do Comércio (hoje Coronel Spínola Castro), próximo à rua Tiradentes, a fábrica produzia cerveja, gasosas, licores, gelo e o histórico Guaraná Centenário. Posteriormente, a fábrica foi vendida à família Sinibaldi.