Diário da Região
Olhar 360

Brasil em 2025, mais um ano perdido

Enquanto a população enfrenta desemprego real, precarização do trabalho e perda de renda, o Estado se mostra cada vez mais opaco e capturado

por Marco Feitosa
Publicado há 11 horasAtualizado há 8 horas
Marco Feitosa (Divulgação)
Galeria
Marco Feitosa (Divulgação)
Ouvir matéria

Em 2025 o Brasil enfrentou uma deterioração acentuada em indicadores críticos de governança, transparência e emprego, um cenário que contrasta com narrativas oficiais de recuperação.

Longe de melhorar, a taxa de desocupação real da população economicamente ativa está em constante crescimento, de acordo com análises independentes e organismos internacionais, que apontam falhas graves na metodologia adotada pelo governo brasileiro.

Enquanto o IBGE divulga taxas de desemprego historicamente baixas, especialistas e instituições como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Banco Mundial (fonte: PNAD Contínua – Notas Técnicas, 2024) têm alertado que a metodologia oficial é enganosa.

Ela exclui milhões de beneficiários de programas sociais e trabalhadores desalentados, aqueles que desistiram de procurar emprego após longos períodos de frustração, e não considera adequadamente a subutilização da força de trabalho, o subemprego e o trabalho precário.

Correções metodológicas feitas por economistas independentes sugerem que a taxa real de desocupação no Brasil supera os 12% em 2025, quase o dobro do número oficial, com jovens, mulheres e negros sendo os mais afetados (fontes: Organização Internacional do Trabalho (OIT). Labour Overview: Latin America and the Caribbean – Q4 2024. Disponível em: https://www.ilo.org/global/regional-offices/americas/lang--en/index.htm e Banco Mundial. Brazil Economic Monitor – Spring 2025, especialmente o capítulo “Labor Market Realities Beyond Official Statistics”).

Paralelamente, os índices de corrupção e falta de transparência atingiram níveis críticos. O Corruption Perceptions Index (CPI) 2024, divulgado em 2025, registrou a pior pontuação do Brasil desde 2012: 34 pontos em 100, colocando o país na 107ª posição mundial (fonte: Transparência Internacional. Corruption Perceptions Index 2024. Disponível em: https://www.transparency.org/en/cpi/2024). A Transparência Internacional atribui esse recuo à inação governamental no combate à corrupção e ao enfraquecimento de mecanismos de accountability, como a Operação Lava Jato.

A confiança nas instituições segue em colapso. Apenas 22% dos brasileiros acreditam que Poder Judiciário atua de forma independente, um dos piores índices entre os países da OCDE.

O país também falha sistemicamente em proteger denunciantes de corrupção e não regula o lobby, criando um ambiente propício à captura do Estado por interesses privados (OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development. Government at a Glance 2025: Latin America and the Caribbean). O mais recente Plano Nacional de Integridade foi duramente criticado por carecer de metas mensuráveis e mecanismos de fiscalização.

Nos municípios, a situação é igualmente grave. O Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP) 2025 mostrou que 44% das cidades avaliadas têm governança ruim ou péssima, com a maioria omitindo dados essenciais sobre gastos públicos e obras (Transparência Internacional – Brasil & Rede de Observatórios Sociais. ITGP 2025: Resultados Nacionais. Disponível em: https://www.transparenciainternacional.org.br/itgp-2025).

Assim, em 2025, o Brasil não vive uma recuperação, mas uma ilusão estatística sustentada por indicadores oficiais distorcidos. Enquanto a população enfrenta desemprego real, precarização do trabalho e perda de renda, o Estado se mostra cada vez mais opaco e capturado. Sem reformas profundas na governança e na medição da realidade socioeconômica, qualquer discurso de progresso é falso com o custo sendo pago pela sociedade.

Em resumo, o cidadão continua refém e vítima dos abusos estatais

Marco Feitosa

Advogado e coordenador do Estado de São Paulo do Movimento Livres