Projeto de Tarcísio põe em confronto Beth e Campetti
Além dos dois deputados da região, que estão em lados opostos na Alesp, entrevero envolveu ainda Lucas Bove, também governista

O Plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) virou um ringue político-ideológico envolvendo deputados governistas e parlamentares da oposição. Entre três dos principais protagonistas da confusão estavam dois representantes da região: a petista Beth Sahão, de Catanduva, e o republicano Danilo Campetti, de Rio Preto.
O terceiro personagem de destaque no embate foi o deputado paulistano Lucas Bove (PL), que ganhou notoriedade nacional devido a um conturbado processo de separação da influenciadora digital Cintia Chagas, com mais de 7 milhões de seguidores no Instagram, que o acusa na Justiça de violência doméstica e emocional.
O bate boca com direito a gritos, ironias, dedo em riste e outras coreografias nada cordiais dos dois lados se deu durante a votação, e aprovação, do Projeto de Lei Complementar 9/2025, do governo estadual, que altera a carreira dos pesquisadores científicos ligados a secretarias estaduais.
Representantes da categoria e deputados que integram a Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas e Institutos de Pesquisa, coordenada por Beth Sahão, eram contrários à proposta, sob o argumento de que as mudanças previstas – reestruturação da carreira em seis níveis com três categorias, carga horária de 40 horas semanais e regime de subsídio como forma de remuneração – precarizam a carreira e dificultam a retenção de talentos nas instituições públicas de pesquisa.
Durante a sessão, Bove e Campetti, que integram a tropa fidelíssima ao governador Tarcísio de Freitas, se mostraram mais aguerridos na defesa da proposta. Bove fez a temperatura subir, com reação dos opositores, ao dizer que instituições científicas promovem a “ideologização da ciência”.
Do outro lado, Beth Sahão disparou que o governador está mais preocupado em gastar dinheiro público indo o tempo todo para Brasília dar apoio a um condenado (referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL), do que com os efeitos do projeto que enviou à Alesp na vida de cerca de 740 pesquisadores impactados diretamente e no trabalho que eles realizam.
A confusão entre o trio, que no Plenário se deu praticamente na base do corpo-a-corpo, começou mais cedo, também na terça-feira, em audiência convocada pela Comissão de Saúde da Alesp para debater a autarquização da área da saúde da Unicamp.
Em outro momento de tensão, Bove atacou a instituição por romper parceria com uma universidade de Israel em retaliação pelos ataques na Faixa de Gaza. Segundo ele, a Unicamp agiu por partidarismo e ideologização.
NOTAS
‘MANTERRUPTING’
Beth Sahão e outras deputadas alinhadas à petista acusam os deputados “tarcisistas” de “violência política de gênero ao interromper de forma constante e agressiva deputadas contrárias ao projeto”. “Prática conhecida como ‘manterrupting’, em que homens interrompem mulheres para deslegitimar ou silenciar seus argumentos”, diz Beth Sahão.
‘REGIMENTO’
O deputado estadual Danilo Campetti minimizou a confusão e negou qualquer tipo de violência. “Ela (Beth Sahão) começou a falar sem solicitar a palavra para o presidente da Casa após o comando de encerramento da votação. Teria que pedir a palavra antes de começar a falar, conforme determina o regimento. Os deputados protestaram. E eu fui um deles”, afirmou.
NA JUSTIÇA
Diante da aprovação do PLC, a presidenta da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), Helena Dutra Lutgens, anunciou que a entidade pretende judicializar a questão, buscando anular a lei por vias legais.
1% DA CULTURA 1
A bandeira da destinação de 1% do orçamento municipal para a Cultura voltou a mobilizar artistas, gestores culturais e vereadores na Câmara de Rio Preto nesta quarta-feira, 15. O tema foi tratado em audiência pública convocada pela Comissão Permanente de Cultura da Casa, que é presidida pelo pessebista Abner Toffaneli. Também esteve presente o secretário municipal da Cultura, Robson Vicente.
1% DA CULTURA 2
Presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais e um dos líderes do movimento em favor do 1% para a Cultura, Lawrence Garcia comemorou a presença de seis vereadores, considerada um avanço. Além de Abner, estavam lá João Paulo Rillo (Psol), Alex Carvalho (PSB), Pedro Roberto (Republicanos), Alexandre Montenegro (PL) e Jorge Menezes (PSD). Ele se diz particularmente animado com o compromisso assumindo por Alex, que preside a Comissão de Planejamento, de aumentar em pelo menos R$ 4 milhões o orçamento da pasta no ano que vem.
MALABARISMO
No projeto de Lei Orçamentária de 2026, o governo municipal prevê R$ 7 milhões da fonte 1, que é a arrecadação do município. “Eles inventaram R$ 8 milhões de folha de pagamento e R$ 3 milhões de repasse do governo federal. E estão somando tudo e dizendo que dá 1% para a Cultura, sendo que a luta histórica de que esse percentual seja referente à fonte 1. Puro malabarismo, na prática, subiram R$ 200 mil para o setor”.
PREVIDÊNCIA 1
Uma reunião no gabinete do secretário de Governo, Anderson Branco, contou nesta quarta-feira, 15, com 10 vereadores da base governista. Com a presença do presidente da Riopretoprev, Miguel Elias Taffara, o encontro teve por objetivo, segundo a Coluna apurou, detalhar aos “aliados” na Câmara a proposta de reforma da previdência municipal que o Executivo pretende enviar para a Câmara ainda nesta semana, e com pedido de urgência.
PREVIDÊNCIA 2
O tema é controverso porque altera, entre outras regras, a de idade mínima para aposentadoria, refletindo diretamente, por exemplo, na carreira das professoras. A Atem já avisou que vai ter gritaria.
SEM QUÓRUM
Já o número de vereadores presentes na reunião chamada por Branco foi considerado, nos bastidores da Câmara, aquém do esperado pelo secretário. Muitos dos veteranos, dentre os quais Paulo Pauléra (PP), ignoraram o encontro. Claro que a ausência do Coronel Fábio diminuiu o apelo do “convite”, não?
TOP 100
Dos nove deputados estaduais e federais com base na região de Rio Preto, apenas o federal Paulo Bilynskyj (PL) integra o Top 100, na 52ª posição, do ranking dos políticos brasileiros mais influentes no Instagram, uma lista que conta com figurões como o também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) no topo da lista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o atual presidente Lula (PT), a deputada federal Érika Hilton (Psol), dentre outros.
DIREITA
O levantamento é da Zeeng, em parceria com MonitoraBR, que analisou 442 mil posts de 2,6 mil políticos no Instagram, gerando 1,81 bilhão de interações no primeiro semestre. A metodologia para fazer o ranking priorizou engajamento orgânico (curtidas, comentários, visualizações e compartilhamentos) sobre meros seguidores, cobrindo períodos semestrais ou anuais. O estudo revelou o domínio da direita (56%), concentração em São Paulo (32%) e o PL com 42% dos nomes na lista dos Top 100.