Tempo

O que acontece quando o tempo, o recurso mais precioso da educação, é roubado? Um estudo da OCDE, com dados brasileiros coletados pelo Inep, lança luz sobre uma realidade alarmante: professores no Brasil perdem, em média, 21% do seu tempo de aula para manter a disciplina. Isso significa que, a cada cinco horas dedicadas ao ensino, uma inteira se esvai em um esforço para conter o caos. Esse não é um problema isolado, mas o sintoma de um sistema em crise que afeta o aprendizado e mina a alma do ofício docente.
A indisciplina, que se manifesta como interrupções constantes, não é apenas um incômodo passageiro. Ela é um obstáculo direto ao processo pedagógico. Quando a atenção dos alunos se dispersa, a transmissão de conhecimento é prejudicada, o ritmo da turma desacelera e o desempenho acadêmico, inevitavelmente, cai.
E o que acontece com a motivação de quem está à frente da sala de aula? O professor entra na carreira com a nobre aspiração de transformar vidas. No entanto, ele se depara com uma realidade de sobrecarga, em que se torna, simultaneamente, psicólogo, mediador de conflitos e, por vezes, um fiscal. A pesquisa revela que 21% dos docentes brasileiros consideram seu trabalho muito estressante. Isso não é por acaso.
Para quebrar esse ciclo de desvalorização e esgotamento, a sociedade precisa agir. A solução não está apenas em mais regulamentos ou em culpar a escola, a família ou o aluno. O caminho é o reconhecimento. É preciso entender que a educação é uma responsabilidade compartilhada e que o professor, sozinho, não pode resolver todos os problemas sociais que chegam à sala de aula. É urgente fortalecer a parceria entre família e escola, investir em políticas públicas que garantam um ambiente de trabalho seguro e acolhedor e, principalmente, devolver ao professor o seu tempo: o tempo de ensinar, de inspirar e de cumprir sua missão. Somente assim poderemos restaurar o potencial das nossas salas de aula e construir um futuro mais promissor para todos.
Eduardo Alves de Lima
Terceirizada
Sobre a notícia "Governo do Coronel rescinde contratos milionários com terceirizada da Educação", muito bom ter rescindido o contrato. Resta saber se os trabalhadores receberão seus direitos corretamente e se a Prefeitura vai se responsabilizar por eles. Ou vai seguir o ditado à risca: "a corda arrebenta pro lado mais fraco"?
Ju Pessoa, via Facebook