Editorial

Sobre o editorial de sábado, 27/12, intitulado "Uma sombra sobre o STF", o texto ajuda a iluminar um ponto central desse problema: a distância crescente entre quem decide e quem paga a conta. Fim de ano costuma ser vendido como tempo de balanço, esperança e recomeço. Mas talvez o que mais mereça reflexão seja o País em que vivemos.
Existem, de fato, dois Brasis. O Brasil do andar de cima, onde os malandros se protegem entre si. Onde cargos são ocupados não por mérito, preparo ou compromisso público, mas por conveniência, alianças e fidelidade aos que indicam. Não é um problema restrito a um Poder ou a uma instituição: essa lógica contaminou praticamente todas as estruturas de poder. Os nomes são conhecidos e variam conforme a conveniência do momento, mas a lógica é sempre a mesma: proteção entre pares, cinismo institucional e desprezo por quem trabalha.
E existe o outro Brasil. O Brasil de quem trabalha, insiste, cumpre regras, paga a conta e ainda assim carrega uma âncora amarrada aos pés. Uma âncora chamada privilégio alheio, burocracia seletiva, jogo combinado e discurso cínico.
O mais perverso é que essa âncora não apenas impede o progresso — muitas vezes silencia. E quando não silencia, anestesia. Porque parte desse Brasil de baixo é mantida viva com migalhas, com favores travestidos de política pública, com o mínimo necessário para sobreviver — e não para avançar. E isso gera gratidão onde deveria haver indignação.
Ainda assim, seguimos. Trabalhando, produzindo, criando filhos, pagando impostos, sustentando um país que parece funcionar sempre contra quem faz tudo certo.
Se há algo a agradecer, é o essencial: saúde, lucidez e a capacidade de não normalizar o absurdo. Que o próximo ano nos encontre menos conformados e mais conscientes. Porque o Brasil só muda quando quem sustenta a casa para de aceitar ser tratado como inquilino.
Rogério César Barbosa, Rio Preto
Luto
Sobre a notícia "Morre o dermatologista Evandro Ennes de Lima Júnior", meus mais sinceros sentimentos a toda a família. Buda foi luz por onde passou, sua alegria contagiante transformava qualquer encontro. Que as lembranças, os sorrisos e o amor deixados por ele confortem os corações neste momento de dor.
Taysa Sanchez, via Instagram