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ARTIGO

Um chamado para o despertar da sociedade

Como falar de saúde mental se nem mesmo o básico conseguimos garantir para todos

por Juliana Mogrão Moreira
Publicado em 30/09/2025 às 18:35Atualizado em 01/10/2025 às 11:31
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Encerramos setembro, o mês que se inicia a primavera e também de conscientização quando a saúde mental. Saúde mental tende a ser tratado de forma individual, com terapias, medicalizações e responsabilização daquele que é acometido por algum CID. Essa, sem dúvida é a maior armadilha e a também uma grande covardia.

Não há como pensar e produzir saúde mental se não for no coletivo, se não olharmos de fato para as formas de relações que temos construído nos últimos anos.

Como falar de saúde mental se nem mesmo o básico para a sobrevivência conseguimos garantir para todos? Não há saúde mental que persista em dividir a mesa com a fome, com a insegurança, com o frio, com violência.

Precisamos, com urgência, pensar em estratégias coletivas que promovam ambientes que seja salubres, saudáveis e afetivos. Sim, afetivos!!! A saúde mental precisa e gosta de dividir espaços com afetividades, emoções, cores, sabores e movimento.

Saúde mental não é a maior inimiga da vida, ela é parceira da vida e não há vida se não houver movimento. Porém, imagine uma multidão parada e somente você se movimentando? Vai surtir efeito?

Vamos pensar o contrário, toda uma multidão se mexendo e você parado? Sentirá o movimento, será afetado?

Entende como é covarde e ineficaz ações que sejam individuais? Percebem a necessidade e o chamado de entendermos que não há como ter saúde mental em uma sociedade doente?

Enfim, o convite é que tenhamos coragem e iniciemos movimentos, mesmo que tímidos, para quebra de paradigmas. Assim, poderemos num futuro próximo, com tecnologia ancestral de cuidados, sentir a saúde mental e a vida no mesmo ritmo.

Como diz Ailton Krenak, o futuro é ancestral e não há mais tempo para o medo de viver!

Juliana Mogrão Moreira

Psicóloga, doula e mãe de duas