Turismo na Amazônia

Em novembro próximo acontecerá a COP30 em Belém/PA. Passada uma década dos dois megaeventos Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos de Verão e a Paralimpíadas em 2016, o Brasil terá mais uma oportunidade de apresentar se ao mundo como destino turístico capacitado para realizar grandes eventos.
Decerto que ambos os eventos, deixaram legado positivo. A Olimpíadas em 2016 no Rio de Janeiro favoreceu os investimentos significativos em infraestrutura urbana, transporte público- BRT e metrô- e as instalações esportivas. Em contrapartida os desafios são na utilização e manutenção das áreas construídas para o evento que estão ociosas. Na Copa do Mundo de Futebol as escolhas equivocadas aconteceram desde o início das tratativas quando decidiram realizar os jogos em diversas cidades do território nacional sem que esses locais tivessem o principal equipamento para uma partida de futebol - um campo profissional. A decisão do governo em realizar os jogos em cidades sem estrutura futebolística causou um enorme prejuízo na economia nacional porque deixou vários estádios gigantes sem uso posterior. Mas foram os 7x1, o maior escândalo deste evento.
Em 2025, seremos colocados a prova novamente com a realização da COP30, um dos eventos mais importante do planeta que discute o futuro do clima. Embora tenham características e finalidades diferentes, os eventos seguem mais ou menos a mesma dinâmica com a exigência de transportes, alojamentos, alimentação e entretenimento. De acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da Conferência.
A COP30 em Belém será uma oportunidade com muitos desafios para o Turismo na Amazônia. A escolha da cidade no coração da Amazônia brasileira como sede do evento, não é apenas um marco diplomático, mas também um holofote sobre o potencial e os desafios do turismo na região. Este evento histórico oferece uma oportunidade ímpar para promover a Amazônia como um destino turístico sustentável e consciente. A região terá visibilidade global de diversas maneiras o que aumentará o interesse de viajantes nacionais e internacionais em conhecer o local. Isso pode atrair um público mais consciente e interessado em experiências autênticas e sustentáveis. A infraestrutura e serviços terão investimentos em aeroportos, hotéis, transporte e serviços de qualidade com a preparação do evento de tamanha magnitude. Esses melhoramentos beneficiarão o turismo a longo prazo na promoção do turismo sustentável e de base comunitária. A própria natureza da COP, focada em questões ambientais, pode servir como plataforma para destacar e promover práticas de turismo sustentável. Oportunidades de negócios para comunidades locais, que ofereçam experiências autênticas e de baixo impacto ambiental, podem florescer bem como a educação e a conscientização da preservação.
Apesar do imenso potencial, a realização da COP30 em Belém também apresenta desafios significativos para o setor turístico como o impacto ambiental, onde o grande fluxo de pessoas pode gerar pressão sobre os ecossistemas sensíveis da Amazônia. É crucial implementar práticas de turismo de baixo impacto, gestão de resíduos e conservação. Embora haja investimentos, a infraestrutura turística em algumas áreas da Amazônia pode ainda ser limitada, exigindo planejamento cuidadoso para acomodar inúmeros visitantes. A vastidão da região amazônica pode apresentar desafios logísticos para deslocamentos, tanto para os participantes da COP quanto para os turistas. Será fundamental capacitar os profissionais do turismo e as comunidades locais para oferecerem serviços de qualidade, sustentáveis e que respeitem a cultura e o meio ambiente amazônico.
Portanto, a COP30 em Belém é uma oportunidade histórica para reposicionar a Amazônia no cenário turístico global. Ao focar em práticas sustentáveis, valorizar a cultura local e investir em infraestrutura consciente, o turismo pode se tornar um poderoso motor de desenvolvimento para a região, contribuindo para a conservação da maior floresta tropical do mundo e para a conscientização sobre as mudanças climáticas. O evento é um convite para que o mundo conheça a Amazônia não apenas como um ecossistema vital, mas como um destino turístico vibrante e responsávl.
CÉLIA GOMES
Membro do Conselho Municipal de Turismo (Comtur)