Diário da Região
ARTIGO

Tarifa Zero: uma escolha democrática

O transporte é um dos poucos serviços majoritariamente pagos pelos usuários

por Celi Regina e Carlos Alexandre
Publicado em 28/07/2025 às 18:55Atualizado há 21 horas
Celi Regina (Celi Regina)
Celi Regina (Celi Regina)
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A ideia de que “todo mundo deveria ter renda para pagar tudo” reflete uma visão limitada e mercantil do Estado. Levada ao extremo, transforma saúde, educação, segurança e transporte em mercadorias, restringindo o acesso a quem pode pagar. Mas numa sociedade democrática, cabe a nós decidirmos o que é direito e o que é consumo. Aí está a fronteira entre cidadania e exclusão.

Num país de renda mal distribuída, onde milhões não conseguem pagar tudo, as políticas públicas existem pra corrigir isso e o transporte precisa ser reconhecido como direito social.

Durante a campanha, o então candidato Coronel Fábio Cândido defendeu Tarifa Zero. Foi uma proposta corajosa e bem recebida. Mas, passados seis meses de governo, o prefeito anuncia Tarifa Zero apenas aos domingos, algo bem aquém da proposta original que venceu nas urnas.

Não se cobra solução imediata, mas coerência com o voto popular. Abrir estudos, debater, planejar. A Tarifa Zero não é nova. Vem desde 1990 com Luiza Erundina, e sempre provoca um debate essencial: quem paga, quem se beneficia, como se distribuem os recursos públicos. É técnica, mas profundamente política. É viável, justa e racional. Reduz carros, poluição, trânsito e salva vidas, além de aliviar o orçamento das famílias mais pobres, movimentando a economia local.

Os críticos dizem: “não existe almoço grátis”. Certo, nem almoço, nem vacina. Mas vacinas são pagas por todos porque protegem todos. O transporte público, universalizado, faz o mesmo. Melhora a vida de quem usa e de quem não usa.

Hoje, o transporte é um dos poucos serviços majoritariamente pagos pelos usuários. É hora de corrigir essa distorção.

Tarifa Zero é política pra quem mais precisa, mas também pra quem sente no trânsito os custos de um sistema injusto. E não é utopia: já são 145 cidades no Brasil com resultados reais em mobilidade e qualidade de vida.

Tarifa Zero não é irresponsabilidade fiscal, é uma escolha coletiva. Foi proposta vitoriosa nas urnas e a sociedade tem o direito e o dever de exigir que o debate avance com seriedade.

Se o governo não cumpre, que a cidadania cumpra seu papel.

Celi Regina

Presidenta do PT Rio Preto

Carlos Alexandre

Presidente eleito do PT Rio Preto