Que 'tamo junto' é esse?
Desta vez, ao invés de morrer na praia, a proposta de 1% para a Cultura morreu no ninho

No dia 26/6 tivemos a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2026 e, assim como aconteceu nos últimos três anos, foi colocada uma emenda que garantiria o orçamento de 1% para a Secretaria de Cultura. Mas nesse ano aconteceu algo muito diferente e ao mesmo tempo muito grave para os artistas e trabalhadores da cultura.
No governo Edinho, era comum os vereadores votarem como quisessem em relação a essa matéria até o último momento, em que o governo entrava com a máquina para barrar a emenda. Tanto foi que nesse momento existe no STF um questionamento sobre a votação da LDO de 2023, em que a Câmara derrubou o veto do prefeito e a Prefeitura levou a questão para o TJ, que deu causa para os artistas. E, a partir disso, ela recorreu para o STF – que ainda não julgou.
Desta vez, ao invés de morrer na praia, a proposta morreu no ninho! Para quem estava na galeria da Câmara, era muito nítida a articulação do governo e algumas situações não passaram despercebidas por olhares mais atentos.
A primeira foi a mudança de votos de cinco vereadores que até então eram favoráveis a cultura, mas que de repente votaram contra sem nem hesitar. Fica a pergunta: Bruno Marinho, Francisco Junior, Julio Donizete, Peixão e Rossini Diniz, o que aconteceu? Fizemos alguma coisa? Vamos ter essa D.R.?
A segunda foi uma briguinha infantil que o neófito Felipe Alcalá tentou arrumar com a cultura, dizendo que votou contra porque “não vai dar dinheiro pra antro de esquerdista”. O vereador GenZ apela para a idiocracia a fim de criar uma cortina de fumaça que disfarce algo que boa parte da cidade já percebeu: Felipe Alcalá não tem autonomia no próprio mandato. É um pinscher fingindo ser pitbull e morre de medo da cultura do cancelamento, então joga pra torcida alienada fazendo parecer que é contra a esquerda, mas na verdade só segue e obedece às ordens do 8º andar.
A terceira foi o oposto de tudo isso. O vereador Jean Dornelas, que até então sempre havia votado contra a cultura, agora reviu sua posição e resolveu apoiar a emenda do 1%. Seja muito bem-vindo ao lado certo da história, Dornelas!
Por fim uma observação feita por Renato Pupo não tem saído da minha cabeça. Absolutamente todas as vezes que os trabalhadores da cultura vão até a Câmara, ouvem sempre as mesmas coisas: “pode contar com meu mandato”, “o trabalho de vocês é muito importante” e “tamo junto”. Mas, na hora do vamos ver, quando o bicho pega de verdade e os vereadores precisam tomar uma decisão entre o que é certo e o que o prefeito quer... os artistas ficam “a ver navios”. Todas as vezes!
Lawrence Garcia
Um residente da Distopia Riopretense