PPP e a política da vingança
Desesperados, tentam aprovar, na Câmara, um cheque em branco disfarçado de PPP

Depois de décadas sob governos estruturalmente conservadores – com esparsas nuances progressistas – no campo democrático e de civilidade mínima com o contraditório, a cidade vive uma nova experiência, protagonizada por quem tem pouquíssima vivência política e administrativa: um governo errático e demasiadamente autoritário.
A política é um método eficaz para estabelecer diálogo, promover a paz entre os povos e sustentar governos democráticos capazes de organizar e garantir o bem comum. O resto é barbárie e guerras sem fim.
O governo municipal nasce de uma contradição congênita: um prefeito alheio ao mundo da política real teve que se aliar a um vice que gosta muito de política – e a pratica da pior maneira possível, a partir da apropriação das estruturas do Estado e das ferramentas republicanas, com o objetivo de instaurar um sistema baseado em privilégios e perseguições. É assim que opera a tirania disfarçada de democracia.
À medida que se estabelecem privilégios a aliados e cúmplices, e se promovem perseguições sistemáticas contra os que ousam denunciar e combater seu plano diabólico de poder, consolida-se a receita infalível para a tragédia pública: a falência do funcionamento das instituições e o desinteresse do cidadão comum pela coisa pública.
A contradição interna do governo, marcada pela disputa e desconfiança permanente da cúpula da caserna em relação ao vice-prefeito – principal articulador político – tende, num primeiro momento, à acomodação. Mas é questão de tempo até explodir no colo da sociedade.
Os casernistas não possuem força política nem domínio suficiente da máquina pública para enquadrar o vice, que, por sua vez, detém um aparato robusto e um exército bem remunerado com dinheiro público, mas carece de legitimidade política e prestígio social para ser eleito prefeito. Deve carregar, no entanto, informações suficientes para manter o prefeito em alerta em caso de ruptura. Afinal, estiveram juntos na última guerra eleitoral, uma das mais violentas e sujas da história da cidade.
Há ainda os compromissos e pactos de sangue com a família Bolsonaro e com o CEO do PL, Valdemar Costa Neto – esse, sim, um macaco velho da política.
Desesperados diante da péssima avaliação de governo e da escassez de recursos, tentam mover o mundo para aprovar, na Câmara Municipal, um cheque em branco disfarçado de PPP – Parceria Público-Privada, como se fosse a solução para todos os problemas e desafios da cidade.
Mais preocupante do que a própria aprovação da lei da PPP é a perpetuação do método PPP até aqui endossado pelo prefeito: Privilégios e Perseguições do “Paca Véia”.
São necessários diálogos urgentes e um esforço sincero para construirmos pactos verdadeiramente republicanos em defesa da cidade – e, sobretudo, das pessoas que mais precisam dos serviços públicos essenciais.
João Paulo Rillo
Vereador (PSOL)