Plano de Arborização Urbana: ação imediata
Os números impressionam:33% da cidade está sob sacrifício ambiental

Na semana passada, participei de uma Audiência Pública em que foi apresentado o novo Plano de Arborização Urbana de São José do Rio Preto, desenvolvido pela ESALQ-USP e exposto pelo engenheiro Otton, da Secretaria de Meio Ambiente. O estudo traz informações valiosas que ajudam a compreender, de forma técnica e objetiva, o atual cenário da arborização no município – um tema que, durante anos, gerou debates entre ambientalistas, sociedade e poder público.
A partir dos indicadores apresentados, como as manchas de calor e áreas em processo de desertificação urbana, torna-se evidente que Rio Preto enfrenta um déficit crítico de árvores. Até então, muitas decisões eram contestadas por falta de dados consolidados; agora, com este diagnóstico técnico, não há mais espaço para dúvidas. O plano é robusto e fundamentado, mas precisa sair do papel. É essencial que seja incorporado à legislação municipal por meio de lei, decreto ou outros instrumentos, assegurando métodos corretos de manejo, proteção do verde e diretrizes claras para o futuro.
O estudo também reforça a relação direta entre arborização e saúde humana — tanto respiratória quanto mental. Cidades mais verdes reduzem ilhas de calor, preservam a biodiversidade e favorecem o bem-estar da população. Por isso, o diagnóstico apresentado deve orientar a criação de um plano de implementação estruturado em prazos curto, médio e longo, garantindo o compromisso efetivo do município com a transformação ambiental.
Os números impressionam: 33% da cidade está sob sacrifício ambiental, e as podas, frequentemente realizadas de forma inadequada, chegam a retirar mais de 60% da copa de muitas árvores, quando o recomendado é podar no máximo 25% da copa. Hoje, Rio Preto possui apenas 16,67% de cobertura arbórea, abaixo do mínimo sugerido, que é superior a 20%. Para sair da situação crítica, seriam necessárias pelo menos 33 mil novas árvores plantadas de maneira estratégica, seguindo critérios técnicos e espécies adequadas ao nosso clima.
As instituições ambientais têm se mostrado unidas e dispostas a colaborar com o poder público na implementação das metas definidas pelo plano. Os dados estão postos e não há mais como ignorá-los.
É hora de agir — com planejamento, responsabilidade e compromisso com o futuro da cidade.
Kedson Barbero
Arquiteto e Urbanista, diretor do Instituto Mudar, diretor da Sociedade dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de São José do Rio Preto e membro do CAU/SP.