Diário da Região

Pirotecnia futebolística

A combustão dos fogos de artifício lança muitos gases como o dióxido de nitrogênio

por José Mário Ferreira de Andrade
Publicado há 8 horas
José Mário Ferreira de Andrade (Divulgação)
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José Mário Ferreira de Andrade (Divulgação)
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No último domingo (9/11), justamente quando Mirassol Futebol Clube comemorou 100 anos, o time enfrentou o Palmeiras e ganhou por 2 a 1. Sou palmeirense, mas procuro me manter distante do fanatismo dos torcedores. Não frequento os estádios. Na infância, na década de 60, fui apenas duas vezes no estádio Santa Cruz, do Botafogo de Ribeirão Preto, assistir ao Palmeiras. Época do Dudu, Ademir da Guia, César e de um artilheiro argentino chamado de Artime.

Naquela época, a entrada dos times era saudada com uma bateria de rojões, lançados nas arquibancadas pelos próprios torcedores. Depois de centenas de acidentes, o uso de rojões nos estádios fora proibido.

Mas recentemente, com a profusão das festas de peão, os fogos de artifício voltaram. É inegável que o brilho, os raios, a luminosidade desses fogos encantam. Essas exibições pirotécnicas também ocorrem nas arenas durante os shows musicais. No réveillon, a queima de fogos atrai milhões de pessoas nas orlas e nas praias, principalmente no Rio de Janeiro e em Florianópolis. Nessas exibições, a queima ocorre em uma plataforma flutuante, locada no mar, a quilômetros de distância da população, de forma que não ocorra riscos de um rojão, um morteiro, atingir os espectadores.

Mas os fogos de artifício causam muita poluição do ar. Ocorre a queima de pólvora, uma mistura de enxofre, carvão e nitrato de amônia (ou de potássio). Os efeitos coloridos são causados pela ignição de compostos à base de estrôncio, lítio, sódio, cloreto de sódio, bário, cobre, cloro e outros.

Os shows luminosos acontecem à noite quando as condições meteorológicas dificultam a dispersão dos poluentes atmosféricos. A combustão dos fogos lança na atmosfera muitos gases como o dióxido de nitrogênio, que exacerba os problemas respiratórios, principalmente das crianças e idosos com asma. O ar fica impregnado com cheiro pungente de pólvora.

Na Holanda, os pesquisadores aferiram que as concentrações de material particulado no ar, durante a primeira hora após os shows de fim de ano, aumenta cerca de 20 vezes.

O ruído das detonações assusta os cães, espanta os pássaros e perturba as aves noturnas. Uma pluma (nuvem) de fumaça toma conta das redondezas e depois é transportada pela ação dos ventos para locais mais distantes, atingindo as residências.

As comemorações esportivas são legitimas e benéficas para os torcedores e espectadores, de uma forma geral, mas é preciso muita cautela para preservar a Saúde, a segurança das pessoas e o bem-estar animal.

José Mário Ferreira de Andrade

Engenheiro civil e sanitarista.