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Os Prêmios Nobel e IgNobel

Com escusas pela ironia, o Brasil nunca recebeu um Nobel, mas já tem 8 Prêmios IgNobel!

por Eurípides A. Silva
Publicado há 8 horas
Eurípides A. Silva (Divulgação)
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“Sou uma pessoa que acredita, como o Nobel, que a humanidade vai tirar mais coisas boas do que ruins de novas descobertas.” Marie Curie (1867-1934).

O Prêmio Nobel foi criado em 1895 pelo químico sueco Alfred Nobel (1833-1896), responsável por inúmeras invenções, a principal delas a dinamite (após o que doou 94% de sua fortuna para essa finalidade).

Embora tenha origem num testamento com sentimento de culpa, o Prêmio tornou-se marco global para os avanços científicos nas áreas de Física, Química, Fisiologia (Medicina), Literatura, Paz e Economia, além de glamoroso laurel de reconhecimento a pessoas e organizações que desenvolvem trabalhos, ações ou pesquisas excepcionalmente benéficas à humanidade.

Em 1901 ocorreu a 1ª cerimônia de outorga do Prêmio (todas anuais), já concedido a 990 pessoas e 28 organizações. EUA (com 428), Reino Unido (145) e Alemanha (116) lideram o ranking dos países laureados. O Brasil nunca foi agraciado, mas já chegou perto disso com a indicação (oficial) de admiráveis personalidades, como Carlos Chagas e Adolfo Lutz (para o Nobel de Medicina) e César Lattes (para o de Física). Na América do Sul, Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Venezuela têm, respectivamente, 5, 2, 2, 1 e 2 Prêmios Nobel.

A polonesa Marie Curie, uma das maiores mentes científicas do século XX, foi a 1ª mulher a receber o Nobel de Física (1903). Também foi a 1ª pessoa e a única mulher a receber o Prêmio 2 vezes (Química, 1911), além de ser a única pessoa a recebê-lo em 2 campos distintos!

Outro feito admirável veio com a filha, Irène Curie, cientista também laureada com o Nobel de Química (1935). Daí, a única dupla de mãe e filha a receber o Prêmio!

Falemos, agora, do Prêmio IgNobel, paródia jocosa do Prêmio Nobel. Criada pela revista norte-americana Annals of Improbable Research, seu objetivo é premiar investigações científicas excêntricas de caráter satírico que “fazem com que as pessoas primeiro riam e depois pensem”, além de estimular o interesse das pessoas pela ciência.

A premiação é anual e costuma ser realizada em setembro, na Universidade de Harvard (Cambridge, EUA), valorizada pela presença de ganhadores do Nobel, que, na oportunidade, entregam o Prêmio IgNobel ao vencedor. Detalhe: EUA e Reino Unido (top no ranking dos laureados com o Prêmio Nobel) encabeçam também o ranking dos laureados com o Prêmio IgNobel, com 139 e 71 prêmios, respectivamente!

Com escusas pela ironia, o Brasil nunca recebeu um Nobel, mas já tem 8 Prêmios IgNobel! O último (2024) relata a descoberta de uma planta capaz de mimetizar folhas de plantas localizadas ao seu redor, inclusive de plantas artificiais! O anterior (2022) veio com uma pesquisa sobre acasalamento de escorpiões com constipação intestinal. Bizarros ou não?

Eurípides A. Silva

Mestre e doutor em Matemática pela USP, aposentado pelo Ibilce, campus da Unesp em Rio Preto.