O bolsonarismo como método em Rio Preto
Quando se escolhe um modelo autoritário, excludente e antissocial, colhem-se seus frutos

O bolsonarismo não é apenas um conjunto de opiniões ou discursos agressivos. Ele é, sobretudo, um método de governar. Um método que se repete com assustadora fidelidade onde quer que seja aplicado. Transferir responsabilidades, esconder problemas, gastar mal e depois empurrar a conta para quem trabalha.
Esse modo de governar começa pela culpa jogada no outro. Nunca é o governante o responsável pelo caos que produz. A culpa é sempre do vizinho, do servidor, do movimento social, do governo anterior. Enquanto isso, os problemas reais são varridos para debaixo do tapete, acumulando-se até explodirem em forma de crise.
Ao mesmo tempo, há a perdulária gestão dos recursos públicos, marcada por falta de planejamento, prioridades distorcidas e decisões tomadas sem diálogo. Quando a conta chega e ela sempre chega, não recai sobre quem governa, mas sobre os trabalhadores, especialmente os servidores públicos, tratados como obstáculos e não como pilares do serviço público.
Para viabilizar esse projeto, o bolsonarismo recorre à compra política institucionalizada. Apoio de vereadores e congressistas garantido por cargos, favores e alinhamento automático. A consequência é a nomeação por apadrinhamento, não por competência, o que aprofunda a ineficiência administrativa e transforma a máquina pública em instrumento de sobrevivência política, não de atendimento à população.
Tudo isso é embalado por uma narrativa permanente de mentira. Diz-se que está tudo bem, que a cidade vai maravilhosamente, mesmo quando os sinais de desgaste são evidentes. A propaganda substitui a gestão. O discurso tenta anestesiar a realidade.
Essa lógica nacional do bolsonarismo encontra, infelizmente, reprodução fiel em São José do Rio Preto. Um prefeito de origem militar, autoritário na forma e refratário ao diálogo, governa ignorando as causas sociais, desprezando os trabalhadores e tratando a crítica como inimiga. A cidade vive hoje os efeitos de escolhas políticas concretas, não de fatalidades.
É preciso dizer com clareza que a população tem responsabilidade pelas escolhas que fez. Democracia não termina no voto. Quando se escolhe um modelo autoritário, excludente e antissocial, colhem-se seus frutos.
Mas responsabilidade não é condenação eterna, é ponto de partida para mudança.
Ainda há tempo de interromper essa trajetória antes que o caos se instale de vez. Isso exige mobilização, vigilância, pressão popular e organização política. Exige abandonar a ilusão de que gestores autoritários se corrigem sozinhos. Não se corrigem.
Ou a cidade reage, ou continuará pagando a conta de um projeto que governa contra o povo.
Carlos Alexandre
Administrador público formado pela Universidade Federal de Ouro Preto e presidente Municipal do PT – Rio Preto