Mundo pós Pandemia
A sociedade passa por momentos de apreensão e inquietação, a pandemia mobilizou as comunidades e destruíram os laços afetivos e emocionais, mas não teve força para alterar o comportamento dos seres humanos

A sociedade internacional viveu momentos de mortes e destruições generalizadas pela recente pandemia que assolou a comunidade global, neste período milhões de pessoas perderam a vida, com graves constrangimentos sociais, degradações familiares, transformações estruturais, alterações crescentes do mundo do trabalho, incremento tecnológico e grandes incertezas. Essas mudanças estão em curso e as consequências são variadas, trazendo pontos positivos e negativos para toda a comunidade.
Neste período, as perguntas eram constantes, as respostas sempre foram insatisfatórias e os medos eram cada vez maiores, afinal quais são os impactos da pandemia para a sociedade internacional e quais são os setores que seriam afetados direta e indiretamente pela pandemia que assolava todas as regiões do mundo… As respostas continuam sendo construídas lentamente.
Depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da pandemia, os dados são inconclusivos, uns acreditam em mais de 10 milhões de mortes, outras instituições acreditam em números mais elevados. Apesar de números muito elevados e assustadores, percebemos que a pandemia degradou muitas comunidades, famílias perderam vários integrantes, destruindo sonhos e aumentou as lembranças e as saudades de bilhões de pessoas, um momento de tristezas crescentes, desesperanças, medo e desajustes, além de ódios e ressentimentos generalizados e represados.
No mundo do trabalho, percebemos o incremento das tecnologias que passaram a transformar as relações entre capital e trabalho, onde o mercado passou a demandar mais trabalhadores com maiores qualificações, exigindo uma capacidade gerencial e comportamental dos profissionais. Os aplicativos passaram a ganhar espaço na sociedade e na estrutura econômica e produtiva, impulsionando negócios rentáveis e de perspectivas positivas, tais como Uber, Netflix e Airbnb, além dos bancos digitais, as cooperativas de créditos e as fintechs, que estão gerando uma verdadeira revolução no mercado de crédito, exigindo uma maior capacidade de fiscalização destes novos produtos financeiros e uma atuação mais sistemática das autoridades monetárias.
Muitos especialistas, acadêmicos e estudiosos da sociedade contemporânea acreditavam que o final da pandemia alteraria o comportamento dos seres humanos, afinal, neste período de incertezas sanitárias marcadas pelo medo de uma morte premente e precoce, poderiam gerar alterações nos valores dos indivíduos, reduzindo o imediatismo, o individualismo e o hedonismo, características nítidas da sociedade contemporânea. Infelizmente, passados anos do final da pandemia que devastou a sociedade internacional, os valores não foram alterados, a tão sonhada solidariedade, o respeito humano e os valores cristãos vêm perdendo espaço e os valores da acumulação capitalista estão dominando a sociedade global.
Nesta sociedade, percebemos que os valores da acumulação estão, cada vez mais dominando o cotidiano dos seres humanos, neste cenário, tudo se transforma em mercadorias, transformando as relações sociais em espaço de negócios ou negociatas, os setores governamentais estão sendo reduzidos e os espaços estão sendo abertos para negócios milionários para acomodar grupos poderosos e dotados de grande poder financeiros nacional e internacional, deixando de lado os interesses da comunidade e da população em prol da acumulação de poucos.
A sociedade passa por momentos de apreensão e inquietação, a pandemia mobilizou as comunidades e destruíram os laços afetivos e emocionais, mas não teve força para alterar o comportamento dos seres humanos, cada vez mais ambicioso e imediatista, quem sabe, depois desta pandemia, outras catástrofes estão programadas para a comunidade global.
Ary Ramos da Silva Júnior
Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário