Javali invasor: por que o controle é essencial

O javali (Sus scrofa) e seus híbridos, os “javaporcos”, estão entre as espécies exóticas invasoras que mais crescem no Brasil. Sem predadores naturais e com alta taxa reprodutiva, causam prejuízos que já afetam lavouras, rebanhos, cursos d’água e até unidades de conservação. Reduzir esse impacto não é escolha: é necessidade ambiental, agrícola e sanitária.

É nesse contexto que o controle do javali se torna fundamental. Diferente da caça, que é proibida no Brasil por finalidade recreativa, o controle do javali é uma atividade ambiental autorizada, voltada a proteger o patrimônio público e privado, além de preservar a biodiversidade. Controlar javali não é “caçar por lazer”; é atuar em defesa do campo e do meio ambiente.

Esse trabalho segue normas rígidas, especialmente por meio do SIMAF — Sistema Integrado de Manejo de Fauna, do IBAMA. Nele, controladores se cadastram, informam áreas, métodos e equipamentos, e são obrigados a prestar contas por meio de relatórios. O processo garante transparência, segurança e rastreabilidade. Por isso, o Estado não apenas permite, mas estimula que cidadãos habilitados participem do controle, em parceria com produtores rurais e órgãos ambientais.

Hoje, quem realiza o controle de forma regular do javali atua como um agente de proteção ambiental, auxiliando no manejo responsável de uma espécie que ameaça ecossistemas, plantações e rebanhos. Fortalecer esse trabalho significa dar suporte a agricultores, evitar perdas econômicas, reduzir riscos sanitários e preservar fauna e flora nativas.

Em um momento em que o javali já se espalha pelo interior paulista e por diversas regiões do país, fomentar o controle legal não é apenas uma política pública: é um dever coletivo. A caça continua proibida. O que incentivamos é a participação ativa de cidadãos, instituições e produtores na defesa do ambiente, da produção rural e da biodiversidade.

Capitão PM Alonso

Mestre em Ciências Ambientais pela UFSCar