Diário da Região
RADAR ECONÔMICO

Indústria resiste em 2025; aguarda 2026

O balanço de 2025 mostra que, apesar das dificuldades, a indústria regional não recuou; para 2026, o desafio será transformar resistência em crescimento

por Aldina Clarete D'Amico
Publicado há 5 horasAtualizado há 2 horas
Aldina Clarete D'Amico (Divulgação)
Galeria
Aldina Clarete D'Amico (Divulgação)
Ouvir matéria

A economia industrial de Rio Preto e do Noroeste Paulista atravessou 2025 em um cenário desafiador. O período foi marcado por juros elevados, dificuldades de acesso ao crédito e incertezas no comércio internacional, fatores que limitaram investimentos e afetaram o desempenho das empresas.

O aumento da taxa básica de juros ao longo do ano encareceu o capital de giro e freou planos de expansão, sobretudo entre pequenas e médias indústrias. Os custos de produção, como energia, logística, tributos e a burocracia, também pressionaram o setor, contribuindo para um crescimento mais fraco da indústria em comparação ao comércio e aos serviços.

No cenário externo, a desaceleração da economia global e o avanço de medidas protecionistas, como o tarifaço dos Estados Unidos, reduziram a previsibilidade para exportadores brasileiros. As incertezas nas relações comerciais internacionais afetaram cadeias produtivas e decisões de longo prazo.

Mesmo diante desse contexto, a indústria regional mostrou resistência. O setor manteve empregos e encerrou o ano com saldo positivo na balança comercial, reforçando seu papel como um dos pilares da economia regional, ao lado do comércio, dos serviços e do agronegócio.

Entre janeiro e novembro de 2025, a região de Rio Preto registrou superávit comercial de cerca de US$ 1,87 bilhão.

As exportações somaram aproximadamente US$ 2,15 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 281 milhões. Os principais produtos exportados continuam ligados à agroindústria, alimentos processados e derivados do setor sucroenergético.

No município, as exportações cresceram cerca de 35% em relação a 2024, alcançando US$ 54,9 milhões no acumulado do ano. O resultado reforça a importância da indústria integrada ao agronegócio para a economia local.

Outro fator que ajudou a amortecer os impactos foi a diversidade do parque industrial do Noroeste Paulista. A região concentra indústrias dos setores de alimentos, metalurgia, móveis, confecção, plástico, borracha e biocombustíveis, o que reduz a dependência de um único segmento produtivo.

Em 2025, o Ciesp Noroeste Paulista iniciou uma pesquisa regional com indústrias de Rio Preto e cidades vizinhas para embasar um projeto de reindustrialização. O levantamento busca mapear gargalos e identificar necessidades de infraestrutura, mão de obra, logística, energia, inovação e acesso a crédito.

O diagnóstico aponta que a economia regional ainda é fortemente concentrada em comércio e serviços e que a indústria precisa ganhar mais espaço para aumentar o valor agregado da produção e gerar empregos de maior qualificação.

Para 2026, o setor industrial do Noroeste Paulista projeta cauteloso otimismo. Entre as principais necessidades apontadas estão a redução do custo do crédito, políticas de estímulo à reindustrialização, investimentos em qualificação profissional, melhoria da infraestrutura logística e energética e apoio à inovação tecnológica.

Nossa expectativa também é de maior integração com programas do Senai e do Sesi, além de ações conjuntas com governos municipal, estadual e federal para criar um ambiente mais favorável ao investimento produtivo.

O balanço de 2025 mostra que, apesar das dificuldades, a indústria regional não recuou. Para 2026, o desafio será transformar resistência em crescimento e fortalecer o papel da indústria no desenvolvimento econômico de Rio Preto e do Noroeste Paulista

Aldina Clarete D'Amico

Diretora titular do Ciesp Noroeste Paulista