Fraturas por queda em idosos
Toda queda é multifatorial e depende de fatores intrínsecos e extrínsecos

A OMS (Organização Mundial da Saúde) define como pessoa idosa qualquer individuo com 60 anos ou mais nos países em desenvolvimento e, nos países desenvolvidos, pessoa com 65 anos ou mais. No Brasil, com o aumento da expectativa de vida nos últimos anos, a população acima de 60 anos ganhou proporção de maneira significativa. Em 2022, havia 32,1 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, correspondendo a 15,8% do total da população.
As Nações Unidas declaram o período de 2021-2030 como a Década do Envelhecimento Saudável, pois dados demográficos estimam que, até 2050, a população de pessoas idosas irá dobrar, totalizando 2,1 bilhões de pessoas. Deve ser motivo de atenção, portanto, um fato que ganha dimensão de grave problema de Saúde Pública: milhões de idosos estão sujeitos e são vítimas de quedas, com graves consequências, como fraturas, hospitalizações e perda de autonomia.
No Brasil, as quedas são a terceira causa de mortalidade entre idosos e o número de atendimentos hospitalares em decorrência delas duplicou em 2022, quando comparado com dados de 2013. Além, claro, do impacto na vida destes indivíduos, resulta também em enormes custos econômicos, sobretudo para países como o Brasil, cujos recursos para a Saúde são muito limitados.
As principais fraturas causadas pela queda nos idosos são as fraturas do terço proximal do fêmur (colo femoral e as transtrocanteriana, além das fraturas do acetábulo que são menos frequentes). A grande maioria dessas fraturas são de tratamento cirúrgico que aumenta a morbidade e a mortalidade deste grupo de pacientes. Outras consequências das quedas são lesões na cabeça, ferimento grave, ansiedade e depressão.
Daí a importância das campanhas educativas na prevenção das quedas e o melhor entendimento dos fatores que levam a estes incidentes. Toda queda é multifatorial e depende de fatores intrínsecos e extrínsecos. Há os fatores associados ao envelhecimento, como a perda da massa corpórea, força, desequilíbrio, marcha e mobilidade dificultadas, densidade óssea diminuída, sedentarismo, alterações de acuidade visual, depressão, uso de medicamentos rotineiros e outros.
É possível minimizar estes fatores, porém, tão importante quanto é atuar sobre os fatores extrínsecos, ou seja, relacionados ao ambiente no qual o idoso vive, como pisos irregulares (degraus pequenos) e escorregadios, tapetes e fios soltos no interior da moradia, ausência de apoio em banheiros e iluminação insuficiente. Nestes últimos é mais fácil de agir para evitar as quedas.
Prof. Dr. Alceu Gomes Chueire
Médico ortopedista e chefe de Disciplina do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Famerp/Funfarme e livre docente da Famerp