Diário da Região
RADAR ECONÔMICO

Franquias de alimentação e o sabor do crescimento

O franchising de alimentação no Brasil traz a receita de sucesso: servir não apenas comida, mas também experiências, conveniência, confiança e propósito

por Guto Covizzi
Publicado há 5 horasAtualizado há 1 hora
Guto Covizzi (Guto Covizzi)
Guto Covizzi (Guto Covizzi)
Ouvir matéria

Falar de franquias de alimentação no Brasil é falar de um setor que parece ter descoberto a receita certa para crescer, mesmo quando o “forno” da economia está com temperatura instável. Os números mais recentes divulgados pela ABF (Associação Brasileira de Franchising) mostram um cenário apetitoso. Em 2024, o segmento registrou aumento de 3% no número de unidades e um salto de 15,6% no faturamento, somando mais de 900 redes em todo o País. O primeiro trimestre de 2025 manteve o embalo, com alta de 6% em unidades e 4% no faturamento sobre o mesmo período do ano anterior.

Não se trata apenas de vender mais comida, mas de transformar o jeito como o brasileiro consome, escolhe e se relaciona com as marcas. A 14ª Pesquisa Anual Setorial de Foodservice ABF/GALUNION confirma que 84% das redes viram seu faturamento crescer em 2024, sendo que 41% tiveram um incremento superior a 10%. Mais do que isso, 91% das empresas registraram lucros.

A nossa franquia, pizzaria Bella Capri, reflete concretamente o que a pesquisa levantou. A rede cresceu 20% em faturamento neste primeiro semestre em relação à igual período do ano anterior. Cresceu também na expansão de lojas. A média era de quatro novas pizzarias abertas por ano, mas agora em 2025 chegaremos a 15 novas unidades inauguradas, o que nos levará a ter 60 lojas em operação. Números para comemorar.

O que está por trás desse desempenho do segmento? Primeiro, a capacidade de adaptação. As franquias de alimentação se sofisticaram, incorporaram tecnologia, reduziram desperdícios e profissionalizaram a operação. Hoje, pedir insumos é tão simples quanto fazer uma compra online: 69% das redes usam e-commerce para reposição, e 57% utilizam canais como WhatsApp e aplicativos. A padronização da cadeia de suprimentos garante qualidade e consistência. Como exemplo, 78% trabalham com fornecedores homologados.

Outro ingrediente é a combinação entre experiência presencial e conveniência. O delivery responde por fatias relevantes. Em 20% das redes, mais de 30% do faturamento vem de pedidos feitos sem o cliente pisar no salão.

Na relação com o público, a fidelização é prato principal. Programas de pontos, aplicativos próprios e CRM personalizado fazem com que o cliente sinta-se mais do que comprador: ele se torna parte da história da marca.

No quesito expansão, formatos mais enxutos e criativos ganham espaço. Lojas menores, menus reduzidos e pontos em locais não tradicionais, como hospitais e universidades, mostram que o franchising já entendeu que crescimento não é só abrir novas portas, mas abrir portas nos lugares certos.

O dado que mais chama atenção, porém, é a resiliência. A taxa de fechamento total de unidades foi de apenas 5% no último levantamento, sinal de que o modelo de franquias oferece mais estabilidade e segurança, mesmo em tempos de incerteza econômica.

O franchising de alimentação no Brasil traz a receita de sucesso: servir não apenas comida, mas também experiências, conveniência, confiança e propósito. Pelo visto, os próximos anos prometem mais crescimento, com temperos de tecnologia, pitadas de sustentabilidade e, claro, muito sabor.

Guto Covizzi

Diretor da ABF Interior São Paulo e diretor de expansão da Bella Capri Pizzaria