Feriado em novembro, conscientização o ano todo
Nosso país foi construído por mãos pretas, que foram menosprezadas, fomos e somos o alicerce

Vinte de novembro, Dia da Consciência Negra, um motivo de festejo e alegria por aqueles que lutaram nossas lutas no passado para que tivéssemos uma vida melhor hoje. É feriado, dia de descanso, lazer, cultura, festança e tantas outras coisas para fazer. É de extrema importância que tenhamos uma data só nossa no calendário, para refletirmos sobre nossa história, conscientizar sobre nossas lutas e combater o racismo e preconceito.
Lembremos de Carolina de Jesus, que foi uma das primeiras escritoras negras a ter voz de verdade, Zumbi dos Palmares, que salvou, libertou e lutou por tantos escravizados, Ruth de Souza, que nos mostrou que há espaço para gente como nós na teledramaturgia brasileira, Benedita da Silva, que nos representa na política, Luiz Gama, um ex-escravizado que se tornou advogado e pelo seus lutou e libertou diante da lei ou até mesmo Machado de Assis, o mais famoso escritor brasileiro, conhecido por seus trabalhos, menos por sua cor, e entre tantos pioneiros que foram apagados da nossa história, esquecidos pelo tempo, mas agora relembrados.
Aproveitamos o momento para bradarmos sobre nossa história, nossa cultura, nossa fé, nossa importância e relevância e principalmente contra a intolerância e o preconceito que nos alcançam de tantas formas. Chega de servidão, de violência contra nossos corpos, de abandono contra nossas almas e de marginalização contra nosso ser por inteiro. Somos a população que mais sofre violência, principalmente de gênero.
Nossa cor e nosso gênero ditam como será nosso tratamento. Nossa dor é desprezada, nossa luta é mais árdua, mas invalidada, nossos caminhos encontram obstáculos mais difíceis de se ultrapassar e as balas "perdidas" encontram nossos corpos para atravessar.
Nosso país foi construído por mãos pretas, que foram menosprezadas, fomos e somos o alicerce, a base da sociedade e lutamos para que haja igualdade e liberdade. Somos a base, mas nunca o piso, não damos nossas costas para pisar. Precisamos ocupar cada vez mais as salas.
Estejamos mais nos cargos de liderança, chefias, nas escolas, nas universidades, não somente nos cargos da serventia. Basta uma oportunidade, mesmo que única, que lutaremos com unhas e dentes e estaremos lá, serviremos de inspiração para as crianças que um dia já fomos e motivo de orgulho para nossos ancestrais, que guiam os nossos caminhos, a nossa fé que move nossos passos e a nossa união acabará com o preconceito e o racismo.
Greziele Matias de Paula Domingues
Diretora do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rio Preto e região.