Diário da Região
ARTIGO

Desafios de energia e superaquecimento da IA

Estamos usando a IA generativa de forma desenfreada, o que nos leva a essa discussão grande e séria

por Marcel Nobre
Publicado há 20 horasAtualizado há 8 horas
Marcel Nobre (Marcel Nobre)
Marcel Nobre (Marcel Nobre)
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A NVIDIA atingiu um valor recorde de mercado, tornando-se a empresa mais valiosa do mundo e superando Microsoft e Apple. Apesar de estarmos acostumados com mercados que inflacionam demais os preços e as expectativas, esse boom está relacionado principalmente com o mercado de IA Generativa, como o ChatGPT, que continua aquecido. Além disso, a NVIDIA continua sendo um player muito forte do mercado de games e uma das principais desbravadoras da automação de carros autônomos ou de robôs humanoides.

Contudo, há algo pouco discutido quando falamos em IA: o superaquecimento, um desafio da computação quântica, que precisa ficar em zero absoluto. Quando vemos um computador que parece um lustre quântico, na verdade, aquilo é um equipamento para tentar resfriar o que é o computador em si, que é o chip quântico. E aqui estamos falando de uma fabricante de semicondutores, ou seja, de hardwares que podem alcançar altíssimas temperaturas à medida que ficam mais poderosos. Então, os chips, as GPUs de inteligência artificial, também têm esse problema.

Na China, já existem instalações de servidores embaixo d'água, embaixo do mar, para resolver esse problema. Senão, há um gasto muito alto de energia, que é o segundo grande problema da inteligência artificial. Para se ter uma ideia, gerar uma imagem por inteligência artificial consome a mesma quantidade de energia do que carregar a bateria inteira de um celular. Então, estamos usando a IA generativa de forma desenfreada, o que nos leva a essa discussão grande e séria que precisamos ter. Imagine que eu tenho um chip que esquenta bastante, então eu preciso gastar mais energia para refrigerá-lo. Na prática, estou gastando energia para combater algo que já gasta muita energia, o que não faz muito sentido.

Algumas tecnologias que temos visto funcionando muito bem são o uso de água e o reaproveitamento dela para fazer a refrigeração desses data centers, que são, inclusive, o que vêm dando um bom suporte para os lucros da NVIDIA. Pensando em soluções, uma delas pode ser otimizar o uso de energia, ou seja, não desperdiçar para que não precisemos buscar uma solução de resfriamento. Mas, mesmo assim, precisaremos compensar esse uso de alguma forma, e o Brasil talvez seja o grande pólo, o grande potencial para isso.

Marcel Nobre

Pesquisador e palestrante (TEDx Speaker), empreendedor, fundador e CEO da BetaLab. É professor na HSM/Singularity, StartSe e FIA Business School. Também atua como mentor de startups pela Ace Startups. Possui MBA pela FIA/USP, e diversas especializações em Inteligência Artificial, Letramento em Futuros, Metaverso, Neurociência e Mentoring