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Demografia Médica Paulista

A DRS XV é a região com a maior densidade de vagas de graduação em medicina do estado

por Rodrigo José Ramalho
Publicado há 4 horasAtualizado há 2 horas
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A Associação Paulista de Medicina juntamente com Associação Médica Brasileira e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo divulgaram recentemente os números da Demografia Médica Paulista. É o maior levantamento já realizado para avaliar a equidade e a eficiência de um sistema de saúde em relação à distribuição dos médicos no estado. O Brasil hoje é o segundo país do mundo com mais faculdades de medicina, com 505 unidades, sendo que em 10 anos devemos ter mais médicos do que enfermeiros no país.

Analisando os dados da nossa região, observamos que a DRS XV é a região com a maior densidade de vagas de graduação em medicina de todo o estado, com uma razão de 43,88 vagas por 100.000 habitantes. Ao analisar os dados específicos do município-sede, São José do Rio Preto, emerge um quadro de intensa concentração de profissionais. A cidade funciona como um grande polo de atração de recursos médicos, superando com folga não apenas sua própria região, mas também a média estadual e até mesmo a capital.

A análise é clara: a razão de 7,51 médicos por 1.000 habitantes no município de São José do Rio Preto é drasticamente superior à da sua própria DRS (4,16) e à média do estado (4,28). Este valor coloca a cidade como a terceira com maior densidade médica de São Paulo, atrás apenas de Santos (7,87) e Ribeirão Preto (7,83), e superando polos importantes como Campinas (6,75) e a própria capital paulista (6,25). O dado ilustra um padrão de forte centralização dos profissionais no núcleo urbano da região.

Ainda, os serviços de residência médica da região, sendo o maior expoente o complexo FAMERP/Hospital de Base, hoje também concentram uma alta densidade de vagas, uma das maiores do estado, mas não acompanham a abertura indiscriminada de cursos médicos, sendo um reflexo da situação nacional, em que 60% dos formandos não cursarão residência, deixando de se aperfeiçoar e expondo a população a um atendimento de qualidade menor.

Diante disso, ficam algumas reflexões: a massiva formação de novos médicos na região servirá para diminuir a desigualdade e interiorizar a assistência, ou tenderá a solidificar ainda mais a concentração de profissionais no polo que já é amplamente assistido? As vagas de residência médica aqui ofertadas suprirão a demanda? Como capacitar melhor o médico generalista, aquele sem residência médica? Se está difícil agendar atendimento especializado tanto na saúde pública quanto na saúde suplementar, como será esse cenário em alguns anos?

Rodrigo José Ramalho

Presidente da Associação Paulista de Medicina - Regional de São José do Rio Preto - e professor adjunto da Famerp (Faculdade de Medicina de Rio Preto).