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Consciência Negra: valorizando a nossa história​​​​​​​

Você sabia que o responsável pela emancipação de Rio Preto foi Pedro Amaral, um homem negro?

por Andréia Cristina Fidelis
Publicado há 8 horas
Andréia Cristina Fidelis (Divulgação)
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Andréia Cristina Fidelis (Divulgação)
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Nascida e criada aqui, só descobri, depois dos 40 anos, que Pedro Amaral, um dos nomes mais influentes no processo de emancipação do município, era um homem negro.

Se a sua resposta também foi “não”, deixo uma pergunta: se, assim como eu, você estudou em Rio Preto, por que nem eu nem você aprendemos isso na escola? Por que sequer soubemos quem ele foi?

Até então, eu só sabia que esse nome era o de uma rua no bairro Boa Vista, por onde trafegam muitos veículos rumo à Zona Norte.

E, afinal, o que isso tem a ver com o Dia da Consciência Negra?

Quando se fala em Consciência Negra, fala-se de uma manifestação de múltiplas dimensões: políticas, identitárias, culturais e sociais. Refletir sobre tais dimensões é essencial para todos os brasileiros, não apenas para pessoas negras, mas para todos que vivem em um território também construído pelo povo preto.

Falar de Consciência Negra é reconhecer, valorizar e dar visibilidade à presença negra e às suas contribuições na construção do País na política, na economia, na ciência, na tecnologia e na cultura, assim como são reconhecidas as contribuições de outros povos. Ter acesso a esse conhecimento ajuda a corrigir visões distorcidas sobre a população negra e, consequentemente, a reduzir práticas racistas às quais ainda estamos sujeitos.

Desde 2003, por meio da Lei 10.639, o estudo da História da África, dos africanos e da luta dos negros no Brasil passou a ser obrigatório no currículo da educação básica, e o dia 20 de novembro foi incluído no calendário escolar como Dia Nacional da Consciência Negra, data em que Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra, foi morto por lutar para continuar livre num país ainda escravocrata. Em 2023, essa data passou a ser feriado nacional.

20 de novembro é uma data para celebrarmos a cultura e a história africana e afro-brasileira. Momento para não esquecermos de onde viemos, de nossas raízes e daqueles que nos antecederam, resistiram e de quem hoje somos herança. Data que marca a luta contra o racismo, a reflexão sobre as cicatrizes da escravidão, ainda presentes e, principalmente, o reconhecimento das pessoas negras que construíram este país, como Pedro Amaral.

Que seu nome não seja lembrado apenas como o de uma rua do bairro Boa Vista, mas como o homem negro que ajudou a fortalecer uma região, assim como tantos outros homens e mulheres negros fizeram em diversos territórios deste país.

Andréia Cristina Fidelis

Docente da disciplina de Matemática do Instituto Federal de São Paulo - Campus de São José do Rio Preto.