Diário da Região
ARTIGO

Como os novos tributos vão impactar as empresas

No agro, o crédito amplo do IBS pode trazer ganhos relevantes, mas dependerá de controle

por Francisco Brentan
Publicado há 2 horasAtualizado há 2 horas
Diário da Região
Galeria
Diário da Região
Ouvir matéria

A Reforma Tributária marca uma mudança decisiva no ambiente de negócios do Noroeste Paulista, especialmente em cidades como São José do Rio Preto, Barretos, Catanduva, Votuporanga e todo o eixo regional que concentra varejo forte, cadeias de distribuição, clínicas de saúde, indústrias e operações ligadas ao agronegócio. Os novos tributos sobre consumo — IBS e CBS — substituirão PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS, alterando rotinas que há décadas fazem parte da gestão fiscal das empresas locais.

A região possui características muito próprias: forte presença de supermercados, atacarejos, transportadoras, distribuidores, usinas, frigoríficos, postos de combustíveis e serviços médicos. Todos esses segmentos sentem de forma direta mudanças na formação de preços, no acúmulo de créditos e no fluxo operacional, áreas que serão profundamente impactadas pelo novo modelo do IVA brasileiro.

A simplificação prometida pelo legislador convive, na prática, com um período de transição que exigirá atenção redobrada. Entre 2026 e 2033, os sistemas antigo e novo convivem, o que significa ajustes simultâneos em SPED, cadastro de produtos, classificação fiscal e controles internos. Para os supermercados e distribuidoras da região, por exemplo, o impacto tende a ser imediato, já que a CBS exigirá revisões de sistemáticas automatizadas e reorganização de bases tributárias.

No agronegócio — especialmente usinas, processadoras, cooperativas e transportadoras — o crédito amplo do IBS pode trazer ganhos relevantes, mas dependerá de controle rigoroso das operações. Já clínicas e serviços de saúde precisam revisar margens, pois o fim do ISS e de PIS/Cofins altera dinâmicas de repasse e competitividade local.

Um ponto crítico para as empresas do interior paulista é o estoque de créditos do regime atual. Valores acumulados de PIS, Cofins, ICMS-ST, insumos industriais e laudos específicos podem deixar de ser aproveitados após a consolidação do novo modelo. Por isso, a revisão tributária dos últimos cinco anos torna-se uma medida estratégica para evitar perdas e fortalecer o caixa antes da virada definitiva.

A Reforma representa oportunidade e desafio. Quem se preparar com antecedência — entendendo impactos setoriais e regionais — tende a atravessar essa transição com mais segurança, competitividade e liquidez em um mercado que já vive forte pressão de custos. Para o Noroeste Paulista, onde o empreendedorismo é motor econômico, compreender IBS e CBS é fundamental para garantir sustentabilidade e crescimento na próxima década.

Francisco Brentan

Especialista em auditoria fiscal e tributária e diretor-executivo da ST Solução Tributária.