Avenida aberta, cidade mais viva
Abrir a Andaló para as pessoas seria um passo ousado rumo a uma cidade mais inclusiva

Há uma década, a avenida Paulista, em São Paulo, se transforma em espaço de convivência, arte e lazer aos domingos. Fechada ao trânsito de veículos motorizados, ela é entregue às pessoas e o resultado é uma cidade mais humana, saudável e vibrante.
Por que não sonhar com algo assim também para São José do Rio Preto? Nossa região central, em especial a avenida Alberto Andaló, é símbolo do desenvolvimento da cidade. Por ela circulam diariamente milhares de pessoas, mas, aos domingos, quando o ritmo desacelera, o espaço urbano poderia ganhar novos usos e significados. Abrir a Andaló para as pessoas, nem que seja por algumas horas semanais, seria um passo ousado rumo a uma cidade mais inclusiva, sustentável e democrática.
Experiências como a "Paulista Aberta", o "Muévete en bici" da Cidade do México e as ciclovias dominicais de Bogotá mostram que iniciativas do tipo não são utopias: são políticas públicas viáveis, com retorno concreto. A ocupação cultural e social desses espaços estimula o comércio local, impulsiona artistas de rua, melhora a qualidade do ar, reduz o ruído urbano e promove encontros. Caminhar, pedalar, dançar, brincar, conversar: são atividades simples que ganham força quando há espaço para acontecer.
Em São Paulo, 89% dos frequentadores da Paulista Aberta vão regularmente, e muitos comerciantes relatam aumento nas vendas. Em alguns casos, os domingos representam até 50% do faturamento semanal. Além disso, ruas abertas fortalecem a caminhabilidade: ruas boas para caminhar são mais seguras, acolhedoras e democráticas, especialmente para crianças, idosos e pessoas com deficiência.
Rio Preto tem potencial e vocação para projetos dessa natureza. A região central possui um acervo arquitetônico, comercial e simbólico que pode ser valorizado e revigorado. Iniciativas que devolvem o espaço público à população ajudam a reconectar o cidadão com a cidade. Mais do que fechar ruas para carros, trata-se de abrir horizontes para novas experiências urbanas.
Começar pela Andaló seria simbólico e estratégico: com planejamento, diálogo com os comerciantes e envolvimento da população, a avenida poderia se tornar um palco a céu aberto, um espaço de arte, cultura e bem-estar. Um convite para redescobrir o centro da cidade como lugar de encontro e pertencimento.
Cidades mais humanas não se constroem apenas com concreto, mas com escolhas que priorizam as pessoas. Abrir ruas aos domingos é abrir caminhos para uma vida urbana mais rica e compartilhada. Que tal começarmos por aqui?
Rafael Nogueira
Servidor público municipal, agente de governança na Rede Governança Brasil, @rafaelscooby86