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ARTIGO

Aprenda a nadar sem entrar na água!

É no plano da ação que encontramos razão para a confiança creditada à Igreja Católica

por André Botelho
Publicado em 19/08/2025 às 18:25Atualizado em 20/08/2025 às 11:27
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No Brasil, a Igreja Católica é a instituição com o maior nível de confiança por parte da população. O Instituto Datafolha, em sondagem realizada entre os dias 7 e 14 de julho, ouviu 2005 pessoas em 130 municípios dispostos em todas as regiões do país. Se considerada a margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, a “Igreja fundada por Cristo” figura com índices entre 38 e 42% junto àqueles que declararam “confiar muito” na instituição. Outras denominações aparecem na terceira posição com indicativos entre 29 e 33%.

Encomendada pela Ordem dos Advogados do Brasil (entidade que aparece na segunda posição entre as mais confiáveis), o levantamento coloca Órgãos do Poder Judiciário, o Senado Federal, a Presidência da República e a Câmara dos Deputados, pela ordem, nas posições seguintes.

Ainda segundo a OAB, com base no mesmo levantamento, 74% dos entrevistados acreditam que a democracia é sempre melhor que qualquer outra forma de governo (maior índice da série histórica do Datafolha), 72% veem o Brasil como um país polarizado, 58% estão insatisfeitos com a segurança pública, 54% seguem descontentes com o sistema público de saúde e 48% com a educação pública.

Se considerarmos os itens que despontam como “geradores de insatisfação” e associarmos os mesmos, por exemplo, às reflexões propostas pelas últimas edições da Campanha da Fraternidade, teremos um referencial importante - entre tantos outros - para entender a confiança creditada aos católicos.

Tendo a democracia como “patrimônio”, a Igreja Católica incentivou, em 2019, a participação da população em Conselhos instituídos nas diversas instâncias (prática que só é possível em um regime democrático). 

É no plano da ação, distante do discurso vazio, que encontramos razão para o alto percentual de confiança creditado à Igreja Católica. O secretário executivo de campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Pe. Jean Poul Hansen, quando em São José do Rio Preto, sublinhou que a Igreja, cada vez mais, precisa ser “itinerante e aberta e nunca estática e fechada”.

Frente aos desafios, bispos, padres, diáconos, seminaristas e religiosos acolhem os empobrecidos e marginalizados como opção preferencial. Tais agentes, “com Cristo, por Cristo e em Cristo”, motivam a sociedade e os fiéis e, com eles, se colocam como “samaritanos” dos nossos dias. É na prática, tocando “feridas”, que o testemunho se transforma em confiança.

Oxalá os grupos que se encontram pior avaliados na pesquisa encomendada pela OAB entendam que confiança é fruto da prática que gera benefícios comunitários e não individuais. Assim, quem legisla em causa própria nunca terá obras para testemunhar a fé que em discursos vazios procura proclamar (como dizia São Tiago). Aqui, a sabedoria popular nos faz lembrar que ninguém pode se declarar nadador sem ter se molhado ao menos uma vez na vida!

André Botelho

Jornalista