Diário da Região
RADAR ECONÔMICO

Antes de mudar a sua empresa, mude a si mesmo

Empreender não é apenas aplicar ferramentas ou gerir processos; É, antes de tudo, uma atitude diante dos desafios, uma forma de enxergar oportunidades e assumir riscos 

por Lidiane Gibin
Publicado em 20/08/2025 às 20:40Atualizado em 21/08/2025 às 02:04
Diário da Região
Diário da Região
Ouvir matéria

Muito se fala sobre capacitação empresarial. Cursos e treinamentos em marketing, vendas, gestão financeira, pessoas e inovação são, sem dúvida, fundamentais para o crescimento de qualquer negócio. No entanto, há uma dimensão que costuma ser negligenciada pelos empresários: o desenvolvimento do próprio comportamento empreendedor.

É comum encontrar empresários ávidos por dominar ferramentas de gestão, aprender novas estratégias de marketing digital ou técnicas para reduzir custos e aumentar margens. Mas, quando se trata de investir no aprimoramento de suas habilidades pessoais como empreendedores, muitos ainda não percebem o valor transformador dessa escolha. E é justamente nesse ponto que reside a chave para a diferença entre empresas que sobrevivem e aquelas que prosperam.

Empreender não é apenas aplicar ferramentas ou gerir processos. É, antes de tudo, uma atitude diante dos desafios, uma forma de enxergar oportunidades e assumir riscos calculados. É a capacidade de persistir, mesmo quando o cenário externo é adverso, e de se reinventar quando as circunstâncias mudam. Essas características não surgem espontaneamente: elas podem – e devem – ser desenvolvidas.

A experiência do Sebrae, com milhares de empresários atendidos todos os anos, mostra com clareza que os negócios mais sustentáveis e inovadores têm por trás empreendedores que investiram em si mesmos. Empresários que compreendem que, sem autoconhecimento, disciplina, visão de futuro e coragem para agir, nenhuma ferramenta de gestão é suficiente para garantir resultados duradouros.

Capacitar-se como empreendedor significa olhar para dentro e reconhecer suas fortalezas e limitações. Significa entender que habilidades como liderança, planejamento, meta, rede de contatos e capacidade de negociação são ativos tão ou mais importantes do que qualquer software de gestão ou técnica de vendas. Afinal, são os comportamentos que orientam a forma como o empresário vai aplicar, ou não, as ferramentas que aprende.

Uma empresa pode ter bons produtos, estratégias claras e até recursos financeiros disponíveis, mas, se o empresário não tiver iniciativa, visão, determinação e disciplina, dificilmente alcançará todo o seu potencial.

Em última análise, o crescimento de um negócio é reflexo direto do crescimento de quem o lidera. Empresas não mudam por decreto: elas mudam porque seus empreendedores mudaram primeiro. Investir em si mesmo é, portanto, a estratégia mais inteligente e rentável que um empresário pode adotar.

E a boa notícia é que esse desenvolvimento não é um dom inato, mas um caminho acessível. O Sebrae, por exemplo, oferece programas como o Empretec, metodologia da ONU aplicada no Brasil, que desafia empresários a se conhecerem profundamente e a desenvolverem suas competências empreendedoras de forma prática e intensa. São experiências assim que fazem o empresário perceber que o verdadeiro salto no negócio não está fora, mas dentro dele.

Se quisermos empresas mais competitivas, inovadoras e preparadas para os desafios do futuro, precisamos olhar para além das ferramentas de gestão. Precisamos estimular e apoiar cada vez mais o desenvolvimento do empreendedor por trás da empresa. Porque é o comportamento empreendedor, em primeiro lugar, que pode mudar não apenas a trajetória de um negócio, mas também a vida de quem empreende.

Lidiane Gibin

Consultora de Negócios do Sebrae-SP